#23: Os problemas e o futuro da educação jurídica – c/ Suzana Cremasco

Capa do Podcast com Suzana Cremasco.

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Você sabe quais são os problemas e o futuro da educação jurídica?

Quais os maiores erros que os professores de direito cometem?

E quais os maiores erros cometidos pelos estudantes de direito?

E o que esperar do futuro da educação jurídica?

No episódio #23 do Lawyer to Lawyer, o podcast da Freelaw, Gabriel Magalhães entrevista Suzana Cremasco

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Suzana Cremasco

é doutoranda, mestre em Direito Processual Civil e Graduada em Direito pela UFMG. Ela também é professora na Faculdade de Direito Milton Campos e no Centro Universitário de Belo Horizonte.

Ela é uma das maiores processualistas do país e possui muita experiência com os métodos adequados de solução de conflitos.

Ela é sócia do Suzana Cremasco Advocacia e também é membra da lista de árbitros da CAMARB e do CREA/MG.

Gabriel Magalhães

É um dos fundadores da Freelaw e o Host do Lawyer to Lawyer. É bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos.

Possui formação em Coaching Executivo Organizacional, pelo Instituto Opus e Leading Group.

Formação em Mediação de Conflitos, pelo IMAB, e em Mediação Organizacional, pela Trigon e pelo Instituto Ecossocial. Certificações em Inbound Marketing, Inside Sales e Product Management pelo Hubspot, RD University, Universidade Rock Content, Gama Academy e Tera, respectivamente.

Escute o episódio em seu player de áudio favorito e leia o resumo do episódio abaixo que conta com todas as referências citadas durante a gravação.

Gabriel: Hoje estamos aqui com uma das maiores processualistas civis do país, a Suzana Cremasco. No episódio de hoje, Suzana aborda um tema bastante delicado.

Quais são os problemas que existem hoje na educação jurídica, e qual é o futuro da educação jurídica?

Quais são os erros cometidos pelos estudantes de Direito, e também quais são os erros que os próprios professores de Direito cometem?

Qual o problema no sistema em geral que causa esses problemas da educação jurídica?

E qual é o futuro da educação jurídica com o mercado cada vez mais saturado, com um número maior de advogados sendo graduados?

Ainda vale a pena fazer Direito? E, fazendo Direito, vale a pena advogar, ou fazer concurso público?

O episódio de hoje está imperdível, e a Suzana traz uma visão bastante otimista para aqueles que querem se diferenciar no mercado. Ainda existe espaço sim, para aqueles que fazem diferente no Direito.

Oi Suzana, seja bem-vinda ao Lawyer to Lawyer, é um prazer te receber.

Para os ouvintes que não conhecem a Suzana, ela é uma pessoa das mais qualificadas que tem no mercado jurídico, e é uma pessoa muito especial para mim, porque foi uma mentora, ainda é uma mentora para mim.

Então para falar do futuro da educação jurídica com certeza, a gente está falando com uma das pessoas mais capacitadas nesse tema no Brasil.

Tenho certeza que vocês vão gostar bastante dela e de todas as reflexões que ela vai trazer para a gente.

Suzana: Obrigada Gabriel. Para mim é um prazer estar aqui com você e com os ouvintes do podcast da Freelaw.

Eu que tive a oportunidade de acompanhar boa parte da sua formação, tanto na faculdade de Direito, quanto posteriormente à faculdade.

Eu acho que você é um exemplo de como o curso de Direito pode ter múltiplas atividades e múltiplos caminhos.

Você estudou numa faculdade que é uma faculdade extremamente tradicional, dentro de um curso que é um curso super tradicional, e foi capaz de inovar dentro dessa tradição.

Com uma proposta que é uma proposta super interessante, uma proposta super diferente, que para mim é um exemplo para inspirar outros profissionais.

Gabriel: Obrigado! Vindo da Suzana, todos os elogios são muito bem-vindos.

Suzana, você falou pouquinho dos caminhos dos estudantes.

Quais são esses caminhos que você vê? Os caminhos tradicionais, advogar, concurso público? O que está valendo a pena e o que não está?

Mudança da perspectiva do estudante mediante o futuro da educação jurídica

Suzana: Quando a gente pensa na formação do estudante de Direito, normalmente o curso de Direito, vem muito associado a aquilo que a gente chama de carreiras tradicionais.

Então, provavelmente se pensa no profissional como advogado, trabalhando na iniciativa privada. Seja no seu próprio escritório, ou no escritório da sua família, no escritório de terceiros ou um departamento jurídico de uma empresa, seja fazendo concurso público.

O concurso público, nos últimos anos ganhou uma proporção muito grande por conta não só do número de concursos que a gente que a gente viu serem abertos. Mas acima de tudo, por força dos benefícios, vamos assim dizer, associados a se fazer um concurso público.

Então, havia uma associação de que, ao fazer um concurso público, o estudante teria a possibilidade de, ao se formar, alçar postos muito bons de trabalho, com o nível de remuneração muito alta, com estabilidade e com uma carga horária que muitas vezes seria uma carga horária reduzida.

Fundamentalmente um estudante de Direito acaba pensando nesses dois caminhos. A advocacia ou um concurso público.

Concursos públicos tradicionais, magistratura, Ministério Público, a advocacia Pública, entre outros. Mas eu, particularmente tenho cada vez mais a consciência que o curso de Direito é um curso que cabe, dentro dele, qualquer tipo de estudante que tenha dentro de si uma vontade de transformar o mundo e uma vontade de ajudar pessoas.

Eu acho que você é um exemplo disso. Como eu disse no início, você foi um estudante que descobriu ao longo do seu curso, inicialmente, novas formas de solução de conflitos para além daquelas velhas formas tradicionais de solução de conflitos que a gente normalmente estuda dentro da faculdade.

Na sequência, ao ter contato com esses novos métodos, você foi descobrindo novos conteúdos.

Então foi descobrindo negociação, você foi descobrindo o empreendedorismo, você foi descobrindo a inovação, você foi descobrindo tecnologia.

E é muito doido a gente pensar que, ao começar a estudar Arbitragem e posteriormente, ao começar a estudar Mediação, que isso que levaria para um caminho associando o Direito e tecnologia.

Mas isso, para mim, mostra essas potencialidades, você não é um caso isolado.

 A gente tem cada vez mais exemplos de jovens, estudantes e jovens profissionais dentro do Direito, que vieram para o curso, e dentro do curso descobriram novos caminhos e novas possibilidades.

Eu sempre costumo dizer que a gente vive hoje num mundo que está em constante evolução.

Então nós precisamos ser capazes de entender que mundo de hoje não é mais o mundo em que o Direito foi concebido, muitos anos atrás.

Nós precisamos buscar, dentro desse novo mundo, com seus novos desafios, que tipo de profissional que a gente precisa hoje. Enxergar como o Direito pode ajudar a transformar o mundo que a gente vive hoje.

Quebra de expectativa do estudante quando inicia a educação jurídica

Gabriel: Quando eu lembro um pouquinho da minha trajetória, eu me acho um pouco diferente, as vezes um pouco doido, comparando com os outros estudantes, advogados, etc.

Porque poucas pessoas empreendem no Direito, poucas pessoas empreendem na advocacia e poucas pessoas vão realmente constituir empresas.

Tem muitos advogados seguindo a carreira tradicional, o que dá certo também, claro. Muitos estudantes fazendo concurso público e sendo muito bem sucedidos na sua área. Porém, eu estou vendo muitas pessoas saindo Direito ultimamente.

Suzana: É uma coisa muito curiosa.

Hoje em dia você não tem mais, quando se conversa com um adolescente, você não tem mais aquela fixação entre Direito, Medicina, engenharia, que eram a tríade das carreiras clássicas que os profissionais normalmente buscavam.

Eu acho que isso está muito associado a três aspectos.

Em primeiro lugar, a uma descoberta de que o mundo é muito maior do que essas três carreiras. Eu acho que esse é o primeiro ponto.

Em segundo lugar, a uma mudança e um reconhecimento de que nós estamos precisando de profissionais que sejam profissionais com focos que são diferentes daquela educação clássica que o Direito te traz.

E em terceiro lugar, eu acho que por um problema do próprio curso de Direito, e eu falo por mim. Eu quando fui estudar Direito, eu tenho uma história que é até bastante curiosa.

Aos quinze anos de idade, tinha certeza absoluta que ia estudar Medicina, e tinha certeza que ia estudar Medicina porque naquela época havia uma série médica famosíssima, chamada Plantão Médico, protagonizada pelo George Clooney. E eu tinha certeza absoluta que eu gostaria de ser médica de emergência.

Queria ser aquela pessoa que atende a ambulância chegando no hospital, com um paciente em estado grave, com adrenalina, com dinamismo, com agitação, com emoção, etc. tal qual as séries, tal qual os episódios da série que assistia. E eu não me dava conta de que não tinha absolutamente nenhum talento para isso.

Gabriel: Eu morria de medo de sangue, então, comigo, isso não aconteceu.

Suzana: Até meu pai, que é um professor universitário e com mais de 40 anos de engenheiro, mas essencialmente professor universitário.

Ele talvez verificando de ante mão que eu não teria absolutamente nenhum sucesso estudando medicina, falou: “minha filha, se você quer estudar medicina, Belo Horizonte tem um hospital de referência em atendimento de emergência que é o Hospital João XXIII, por conseguinte eu te recomendo dar um pulo por lá, para você ver o que é a realidade de um médico de emergência”.

E eu, chegando no João XXIII, não consegui ficar mais de meia hora na porta assistindo aquilo.

Foi uma frustração enorme, porque evidentemente, ali, eu cheguei à conclusão que, quando muito, eu seria uma espectadora de séries médicas, que até hoje eu gosto muito.

Então eu me pus para refletir: poxa, o que vou estudar? Se eu gosto de série, se eu gosto de filme, se eu gosto deste tipo de coisa, eu vou estudar cinema.

E aí foi um choque para o meu pai, ele falou: “poxa, estudar cinema? qual vai ser o futuro que você vai ter num país como o Brasil?”

“Minha filha, você é muito nova, tem 17 anos, se você quer estudar e caminhar por esse lado, da ciência social, das ciências humanas, etc, eu te recomendo fazer um curso que seja bastante abrangente, bastante amplo, que te dê uma formação em ciências humanas ampla”.

E então fiz vestibular para o curso de Direito, e eu te confesso, Gabriel, que até o quinto período da faculdade eu detestava.

Eu detestava o curso de Direito, porque a expectativa que eu tinha era que o curso de Direito seria extremamente dinâmico, seria um curso extremamente movimentado, um curso prático.

E o que se vê no curso de Direito durante os dois primeiros anos, essencialmente, é um curso extremamente teórico, e, mais do que um curso  teórico, e eu não estou dizendo que a gente conhecer a teoria não seja importante, mas estou dizendo da forma como o curso de Direito é pensado, é estruturado, é abordado.

Aquilo era, para mim, chatíssimo. Todos os dias em geral na faculdade e pensava “o que eu estou fazendo aqui!”.

Até que eu cheguei no quinto período, tive um professor excepcional de Processo Civil, professor Zé Rubens Rosa, e ele na nossa primeira aula de Processo, colocou a tramitação do processo no quadro, da petição inicial até o trânsito em julgado.

Na hora que eu vi aquilo eu pensei: “enfim uma coisa que tem dinamismo, tem movimento, tem de caminhar”.

Isso para mim é a materialização de como a coisa efetivamente acontece. E ali, no quinto período, é que o curso de Direito começou a fazer algum sentido para mim.

Quando me perguntam porque eu não deixei a faculdade antes do quinto período, minha resposta é sempre a mesma. Porque eu sempre me envolvi muito com as coisas para além da sala de aula.

Sempre tive muita clareza que minha formação dentro do Direito, não viria só da sala de aula.

Então, eu abracei todas as oportunidades que eu tive de fazer pesquisa, monitoria, projeto de extensão, de fazer estágios em diferentes lugares e de vivenciar todas as oportunidades que a faculdade me proporcionava.

Eu não tenho o que reclamar da Faculdade de Direito da UFMG em termos de oportunidades geradas.

Porque eu tive a possibilidade de participar de um projeto de extensão para a indenização de vítimas de tortura na ditadura militar em parceria com o estado de Minas Gerais, eu tive oportunidade de fazer pesquisa na área de Direito Penal, eu tive a oportunidade de ser monitora de Direito Civil e de Processo Civil. Eu tive a oportunidade de fazer estágios em escritórios de advocacia, em autarquia no Ministério Público, etc.

Então, eu procurei viver a faculdade muito para além da sala de aula, e eu acho que isso acabou fazendo com que o curso, esses dois primeiros anos, fossem fosse um pouco mais suave e por conseguinte, não abandonasse o curso.

Um último aspecto que eu acho que tem acontecido de as pessoas saírem do Direito é justamente essa frustração com o que é o curso de Direito. Muitas vezes, a vivência é clássica, a vivência é a tradicional da profissão.

Eu acho que deve ser extremamente frustrante você ser um advogado, como um advogado que trabalha só com Processo Civil, que depende do Processo Civil, e que muitas vezes não vê o seu processo caminhar.

Muitas vezes tem data para você entrar com a ação, mas não tem data para você terminar o processo. Cobrança do seu cliente o tempo inteiro, querendo saber se o processo foi despachado, e se não foi, querem saber o motivo.

Então, eu acho que essa frustração, que está associada à forma como curso é construído, e a essa vivência profissional, eu acho que tem afastado as pessoas do Direito também, seria aí o terceiro ou quarto fator.

A expressiva quantidade de profissionais e cursos de Direito no Brasil

Gabriel: E o que você acha do número de advogados hoje que a gente tem no Brasil?

Suzana: Então, é assustador o número de profissionais que se formam em Direito hoje. Mais do que isso, é assustador o número de cursos jurídicos que a gente tem no Brasil.

Salvo melhor juízo, na última contagem, a gente estava alcançando aproximadamente 1400 cursos de Direito no Brasil inteiro.

Só na região metropolitana de Belo Horizonte são mais de 50 cursos de Direito. Esse “boom” foi um “boom” que veio nos últimos 20 anos.

Quando eu fiz vestibular para o curso de Direito no ano 2000, a gente não tinha essa quantidade de escolas que você tem hoje. E esse “boom” está muito associado a alguns concursos públicos que a gente viu acontecer ao longo da primeira da primeira década dos anos 2000.

Então, a partir do momento que você teve uma expansão desenfreada de número de concursos públicos, muitos deles ainda que não relacionados à Direito, mas com cobrança de conteúdo de Direito nas suas respectivas provas, acabou atraindo muita gente.

E a verdade é que você tem um contingente, que é um contingente assustador de gente. Muitas vezes que não tem nenhum tipo de vocação, nenhum tipo de aptidão, de talento, de prazer efetivamente em estudar Direito.

Então eu sempre falo, eu acho que o desafio, eu acho que dificuldades, eu acho que perrengues, a gente vai passar em qualquer carreira que você for eventualmente escolher, mas o primeiro passo para que você possa superar todos esses desafios é você gostar daquilo que você faz, você ter fé naquilo que você está fazendo.

Eu acho que muitas vezes, hoje, esses profissionais acabam não tendo essa vocação.

E o grande problema que você tem é que você forma essa quantidade de gente, sem que haja espaço para que você absorva esse contingente, seja nos concursos públicos, seja na advocacia.

Você acaba tendo aí essas pessoas graduadas em Direito, mas sem alguma atuação profissional com relacionada à área. Muitas vezes não por opção, mas muitas vezes, por falta absoluta de opção.

Gabriel: E assim, para mim, o cenário é um pouco desanimador. O mercado tá ficando cada vez mais saturado, se a gente for pensar pelo menos nas áreas tradicionais do Direito.

Como se destacar como profissional do Direito

Suzana: É, sempre costumo dizer, quando você é um cara diferenciado, e quando estou falando diferenciado, eu não estou falando que você precisa ser um gênio, não estou falando que você precisa ser CDF, não é nada disso.

Mas quando você é diferenciado, do ponto de vista de ter algo diferente da gama de profissionais que estão no mercado.

Seja esse algo diferente, você eventualmente ser mais estudioso, você ter um pensamento mais inovador, você ter habilidades que são habilidades diferentes, você ser capaz de enxergar áreas diferentes dentro do Direito.

Eu sempre costumo dizer que para o profissional diferenciado o mercado nunca estará saturado.

Sempre vai ter espaço para quem quiser inovar e para quem for bom naquilo que faz. Só que o grande problema é você descobrir, é você permitir que o estudante descubra esses caminhos.

O curso de Direito, e falo com muita tranquilidade tendo conhecimento de alguns dos principais cursos jurídicos que a gente tem no Brasil, é um curso que ainda te dá uma formação muito tradicional.

Então o cidadão vai estudar Direito Romano, História do Direito, Filosofia, Sociologia, ele vai estudar a Introdução ao Estudo do Direito, depois ele vai ter matérias que são matérias de Teoria da Constituição, Teoria Geral do Direito Privado, Teoria do Delito, das Penas, etc.

Até que o curso começa a se especializar, você vai estudar Direito Constitucional, vai estudar Direito Tributário, Direito Administrativo, vai estudar Direito Civil, todas as suas cadeiras, Direito Empresarial, etc.

Você não dá para o profissional conhecimentos que estão na ordem do dia.

Eu te pergunto: por que os meninos continuam estudando na faculdade de Direito títulos de créditos tradicionalíssimos?

Esses meninos não são estudantes de startups. Por que esses meninos estão estudando 10, 12, 15 cadeiras de processo de uma forma geral?

Isto é, como que eu levo alguém para resolver um problema no Judiciário. Esses meninos não tem carreira, essas são carreiras de negociação, por exemplo, e quando eu falo de negociação, com técnicas de negociação, com um professor que não seja formado em Direito, mas que tenha uma formação em negociação.

Nós não estamos ensinando para esses profissionais questões como gestão, como inovação, como empreendedorismo. Nada disso faz parte do curso de Direito e, a meu ver, é cada vez mais necessário que o profissional hoje tenha esses conhecimentos. Então eu falo muito por mim.

Eu tenho um escritório de advocacia próprio hoje, e eu falo o quão difícil foi conhecer o que é o gerenciamento de um negócio.

Porque eu saí da faculdade de Direito, advogada, aprovada no exame de ordem na primeira subcomissão, e ninguém nunca me ensinou como é que se abria um escritório de advocacia.

Eu tinha competências como elaborar uma proposta, fazer um contrato, medir o meu valor, do meu serviço, saber como que é um contrato profissional, e quanto eu posso pagar para esse profissional, quantos profissionais eu preciso eventualmente ter dependendo do número de casos que eu tenho no meu escritório, como é que eu trabalho com  fluxo de caixa, onde eu faço compra de coisas que são coisas inerentes ao escritório?

Eu estou falando de coisas que parecem muito bobas, que parecem muito simples. Mas que você sai da faculdade sem ter noção absolutamente nenhuma em relação a elas.

Eu acho que a faculdade de Direito poderia ser um lugar, por exemplo, para você ter laboratórios de desenvolvimentos de escritórios de advocacia.

Não escritórios de advocacia tradicionais como a gente conhece, mas em áreas que são áreas novas do Direito que estão eventualmente surgindo.

Para a gente de outra área que até não é uma área que eu tenho atuação, mas que está aí na ordem do dia: Direito Penal.

A turma continua estudando crime contra os costumes e a turma não está discutindo compliance dentro da faculdade.

Então assim, fazer essas associações como, não tem como você lidar com o Direito Empresarial, sem que você tenha ao seu lado o Direito do Trabalho, o Direito Tributário e o Direito Penal.

Não tem como você acreditar que você vai trabalhar com empresas sem você nunca se preocupar com Família e com Sucessões, porque essas questões são questões que muitas vezes vão trazer impactos para a vida e para o funcionamento daquela empresa.

Não tem como pensar que eu quero estudar Direito Administrativo e acreditar que o Direito Administrativo hoje é completamente dissociado do Direito Empresarial, ou dos contratos, que são contratos Civis.

Porque ainda que haja um regramento próprio você tem correlações que são informações necessárias.

Então, eu tenho uma angústia com o futuro da educação jurídica, com a forma como nós continuamos formando os profissionais do Direito.

Nós continuamos estudando da mesma forma como nós estudávamos há 50, 80, 100 anos atrás. As necessidades do mundo hoje são necessidades muito diferente da necessidade que a gente tinha a 100 anos atrás.

Gabriel: É, te escutando Suzana, eu acho que praticamente existe um consenso já, não só no Direito, mas em quase todos os cursos superiores.

Existe uma defasagem grande no ensino tradicional mesmo, nos modelos tradicionais de sala de aula, em que o professor ensina e o aluno absorve tudo aquilo.

Só que o que você acha que as pessoas podem fazer diante disso? O que o estudante pode fazer? O que o professor pode fazer? O que um advogado que não aprendeu nada disso pode fazer hoje?

Como superar o tradicionalismo do ensino jurídico

Suzana: A primeira coisa que eu acho que a gente deveria mudar, e isso não é uma coisa que deveria mudar só na sala de aula na faculdade, e não só na faculdade de Direito, mas que você deveria mudar na sala de aula de uma forma geral. É esse ensino setorizado e esse ensino que muitas vezes é hierarquizado.

O professor é o detentor do conhecimento, e eu, modesto aluno, vou absorver esse conhecimento que deverá ser demonstrado para esse professor em provas, que serão aplicadas e que serão determinantes se eu vou seguir adiante ou não em relação aquele conhecimento que é um conhecimento setorizado.

Então a primeira coisa que eu acho que a gente precisa romper é com esse modelo. Uma metodologia passiva de ensino, que estudiosos da área da educação vêm rebatendo e defendendo. Uma metodologia ativa, em que o aluno seja protagonista do seu aprendizado.

Mas isso depende necessariamente uma mudança e de uma ruptura, do que é uma cultura que a gente tem de sala de aula especificamente no Brasil.

Eu tenho, e você sabe disso porque foi meu aluno faculdade. Eu tenho, em algumas das minhas aulas, muitas vezes a proposta de levar ao meu aluno ferramentas de aprendizado.

Então, às vezes nós vamos fazer simulações, às vezes nós vamos fazer estudos dirigidos, às vezes nós vamos fazer debate de decisões, às vezes nós vamos fazer apresentações de caso, às vezes nós vamos usar de métodos que não são os métodos tradicionais de “eu ensino e o aluno aprende”.

Não é incomum que um aluno, no dia, por exemplo, em que houve uma simulação de uma audiência em sala de aula, que esse aluno saia falando que eu não dei aula.

Então, por que esse aluno muitas vezes fala que eu não dei aula? Porque na cabeça dele, aula é aquilo que acontece quando o professor chega, passa alguma coisa no quadro negro, passa uma hora e quarenta falando. Ele anota tudo, ciente e consciente que aquilo vai cair, eventualmente, numa prova. Isso é um negócio muito complicado de a gente romper.

O segundo ponto que eu acho que que a gente precisa ter em mente, é que essa metodologia mais ativa ela dá trabalho para caramba, tanto para o aluno, quanto para o professor.

Por que? Porque o aluno vai precisar se preparar previamente para que ele possa assistir aquela aula.

Eu não tem como simular uma audiência, eu não tenho como debater uma decisão, eu não tenho como debater um texto ou fazer um estudo de caso, se eu não tive a oportunidade ainda de estudar previamente aquele texto, aquele caso, aquela questão que vai ser o objeto de debate.

E por outro lado, para o professor, que muitas vezes é professor daquela cadeira e daquela disciplina por anos a fio, para ele é muito mais trabalhoso, ter que planejar uma aula em que ele vai montar um caso

Por que ele tem que saber o que ele vai provocar nos alunos, quais são os questionamentos que ele vai ter, qual é o feedback que vai ser dado, etc. Do que ele simplesmente pegar as fichas, os slides, ou as anotações que ele tem, e reproduzir aquele conteúdo por uma hora e quarenta, como usualmente ele fez.

Então, existe uma zona de conforto cultural que precisa ser rompida, e que não é trivial de ser rompida.

Gabriel: É uma questão interessante, porque tem gente que está tentando fazer diferente.

Só que quando faz diferente, todo está achando a aula ruim. O professor tenta algo diferente, e o aluno fala “ah, não quero, quero o modelo antigo”.

Suzana: Isso é uma coisa que é muito complicada. Porque como eu disse, é uma questão cultural.

Então, o aluno que está na faculdade hoje, ele aprendeu que há aula quando o professor entra dentro da sala de aula e transmite o conteúdo.

E ele aprendeu assim porque provavelmente, desde o primeiro dia que ele entrou na escola, pequeno ainda, era assim que o professor trabalhava.

Ele tinha uma aula de português, uma aula de matemática, uma aula de ciências.

Por conseguinte, quando ele chega na faculdade, ele vai querer uma aula de Processo Civil, de Direito Penal, de Direito Tributário, de Direito Empresarial, em que o professor fará exatamente isso.

Então é uma coisa complicada, porque, eu fico me perguntando muitas vezes, se a gente precisaria dessa quantidade de horas em sala de aula que a gente tem.

Se o curso não poderia ser montado com o uso de ferramentas. Utilizando vídeos, podcasts, simulações, textos que são textos no Moodle, sem a necessidade de que duas vezes por semana, durante 1:40h, você encontre aquela turma para você transmitir o conteúdo que hoje está absolutamente disponível para o aluno a hora que ele quiser.

Isso é um modelo que fazia sentido quando a informação, quando o conhecimento não era democratizado, da forma como ele é hoje.

E, tem um vídeo, que para mim é um vídeo sensacional, do Murilo Gun, que ele fala “escolas matam a criatividade”.

A crítica que ele faz, para mim é a visão que eu também faço. Também é a crítica que eu faço para esse modelo tradicional, é a visão que eu também tenho.

Hoje qualquer tema que você eventualmente queira estudar, se for para simplesmente reproduzir conteúdo, se o aluno tiver um acesso à internet com um computador consegue ter acesso a esse conteúdo com professores que muitas vezes são muito melhores do que aqueles que eles têm na sala de aula.

No entanto, a gente continua apegado a esse ensino que é esse ensino formal, esse ensino que é o ensino tradicional, em que a gente só aceita uma resposta, em que você vai ser avaliado por meio de pontos.

Que se você não está bem aquele dia para fazer a prova, pouco importa o que você fez no semestre inteiro.

A vida é assim e se você não adapta é problema seu.

Então eu acho que a gente precisa começar a refletir sobre isso de forma um pouco mais ativa.

Gabriel: Eu concordo 200% com o que você trouxe.

Eu acho que existe um preconceito também com essa nova forma por parte do mercado, professores, advogados, estudantes.

Tem gente fala “eu gosto de aula, eu gosto de aula presencial, de aprender daquelas formas antigas”

Suzana: É, existe um preconceito, mas eu sempre falo que esse preconceito está aí para ser quebrado.

Eu brinco, você sabe disso, eu tenho um envolvimento já há 10 anos com competições, que são competições acadêmicas.

Para o pessoal que eventualmente não conhece, são casos simulados que são disponibilizados para os estudantes com alguns meses de antecedência.

Casos inspirados muitas vezes em questões reais, e que a equipe da universidade ou do escritório de advocacia assume o papel de um profissional, e vai trabalhar ali para desempenhar a função que seria daquele profissional.

Tanto do ponto de vista escrito quanto do ponto de vista verbal, e vai ser avaliado e julgado por isso.

E eu participo disso, como eu disse, desde 2010. Quando nós começamos a fazer isso, a gente enfrentava uma resistência gigantesca lá dentro da Faculdade de Direito da UFMG.

Porque uma parcela dos professores achava que os alunos que se envolviam com isso eram maus alunos, eram alunos que não gostavam de assistir aula, que não eram alunos que eram presentes ou estudiosos, etc.

E hoje a gente vê acontecer um “boom” de competições. Eu brinco muito com o pessoal, falando que eu vivi para ver a quantidade de competições que hoje a gente tem disponíveis, e para se confirmar que aquilo que era minha teoria de 10 anos atrás.

As competições acadêmicas são a forma mais eficiente de metodologia pedagógica que a gente tem hoje dentro do direito.

Por que? Porque os alunos estudam, muitas vezes sem terem noção do tanto que estão estudando.

Estudam de forma muito mais ampla, de forma muito mais aprofundada do que estudaram para qualquer prova. Fazem conexões e, portanto, o estudo não é compartimentado.

Não tem como eu participar de uma competição de processos sem estudar muito material.

Não tem como participar de uma competição de arbitragem sem saber também do direito material.

Não tem como eu participar dessas competições, muitas vezes inclusive adquirindo conhecimento de áreas correlatas dentro do Direito.

Portanto, a minha formação é muito mais ampla. E esses estudantes desenvolvem habilidades profissionais para além daquilo que a faculdade oportuniza.

Mas foi preciso 10 anos para que a gente conseguisse romper essa barreira, para que se conseguisse entender que um aluno se desenvolve numa competição acadêmica, seja ela de arbitragem, seja de mediação, seja ela de processo, seja de direito penal, seja do direito do mar, seja o que for, ele é um excelente aluno.

Ele só não quer aquela formação que é a formação tradicional.

Então eu acho que a gente está mudando. Eu acho que é lento, mudar cultura não é fácil. É muito mais fácil a gente ficar na zona de conforto, que é aquilo que todo mundo conhece, mas eu que a gente tem uma responsabilidade.

Não está legal da forma como está. É chatíssimo, assistir 1h40m de aula com um cara que, por melhor que ele seja, falando na sua cabeça um conteúdo que você poderia pegar em qualquer outro lugar.

Então o que a gente pode fazer para eventualmente mudar isso?

Será que não tá na hora de eu ver esse cara eventualmente como um orientador?

De eu ver esse cara eventualmente, para usar a palavra da moda, como coach?

E eventualmente ir atrás de desenvolver ferramentas e habilidades que esse cidadão tem para me ensinar.

Ao invés de simplesmente aprender com ele um conteúdo que conteúdo enciclopédico que eu pego na internet?

Gabriel: Dicas valiosas que a Suzana compartilhou.

Eu acho que isso vale tanto para quem já é advogado também, porque é uma experiência muito bacana você participar de competição.

Você pode ser jurado, avaliador, ouvinte, você pode ser orador dependendo da competição.

E eu tive a oportunidade também de vivenciar isso na vida acadêmica. Para mim foi muito bacana esse caminho que eu escolhi naquela época.

Poderia ter sido outros também, poderia ter sido empresa júnior, poderia ter sido um caminho tradicional mesmo, dentro da advocacia, buscar algum escritório inovador.

Eu acho que o legal é que existem várias possibilidades para quem está vendo o Direito com outros olhos.

Comece a olhar o Direito com outros olhos

Suzana: Sabe o que é uma coisa muito engraçada? Eu, em 2016 ou 2017, tive oportunidade de fazer parte de um projeto super interessante, que foi desenvolvido na Faculdade de Direito Milton Campos.

A criação daquilo que chamavam Centro de Práticas Jurídicas.

Era uma tentativa de vivenciar um Direito para além das práticas que eram práticas tradicionais.

Quando estou falando de práticas tradicionais, é fundamentalmente o aluno fazer estágio num escritório de advocacia, numa empresa, ou eventualmente num órgão público.

E em conjunto com um grupo de 19 professores, nós tínhamos dentro da faculdade de 19 projetos, que eram 19 projetos práticos diferentes.

Então, a gente tinha um grupo de competições simuladas de mediação e arbitragem. Mas a gente também tinha um grupo de práticas públicas. A gente também tinha um grupo que cuidava de audiências na Vara da Infância e da Juventude.

A gente também tinha um grupo que cuidava do programa de acesso a direitos previdenciários. A gente também tinha um grupo que cuidava da situação dos presos dentro do sistema prisional na cidade de Nova Lima.

E foi uma época, e uma vivência que era extremamente rica por parte dos alunos. Porque você abria a possibilidade para ele, para ele conhecer práticas que muitas vezes ele não tinha.

E esse projeto acabou depois de 2 anos e meio, porque não havia previsão nas diretrizes curriculares do curso de Direito para que esse tipo de projeto pudesse ser desenvolvido.

Ficou praticamente 1 ano e meio em suspenso, até que a última revisão das diretrizes curriculares do curso de Direito do MEC trouxe expressamente a possibilidade de se fazer esse tipo de iniciativa.

E eu me pego pensando, olha que loucura isso, a gente teve a ideia, a gente implantou o projeto, o projeto funcionou de forma bastante eficiente, mas o projeto não pôde ir adiante por uma questão de natureza formal.

Ele precisou ser paralisado, para um ano e meio depois. Alguém virar e falar “aqui, agora vocês podem fazer aquilo que vocês já estavam fazendo há três anos atrás”.

Então assim, a gente vive um problema muito complicado de lidar com essa com essa coisa por burocracia, e com essa cultura que está posta.

De novo, romper isso não é uma coisa tranquila, e, por conseguinte, exigir que o estudante de Direito, que o professore de Direito, que o jovem profissional, rompam com isso, não é uma questão trivial.

Gabriel: Eu acho que eu repito isso em vários episódios do podcast da Freelaw, que toda inovação ela vem com erro.

São vários testes, então provavelmente um ouvinte está nos escutando, alguns estão pensando que já fez algo assim e não deu certo.

Então, provavelmente, se você quiser, se você for professor quiser inovar, você tem que fazer 100 testes para que 1 funcione.

Várias das iniciativas vão dar errado provavelmente.

Suzana: É, eu acho que assim, a gente tem que ter muita tranquilidade. Eu sempre me inspiro muito naquela cena do Karatê Kid. Em que o Sr. Miyagi manda o pequeno Karate Kid abaixar e levantar o casaco dele centenas de vezes.

Essa é uma imagem que eu sempre tenho muito comigo, sobre essa necessidade de você repetir, de você recomeçar, de você refazer, de você insistir.

E eu sempre lembro muito desses joguinhos eletrônicos, qualquer que seja ele ou quaisquer que sejam eles, em que você tenta passar de fase, e quando você está quase lá, você perde, volta e tem que começar tudo de novo.

E você vai, quase chega lá, e aí você perde e começa tudo de novo.

Eu sempre me pergunto: por que num jogo meio eletrônico a gente tem essa pegada, de não conseguir passar de fase, e ficar naquela fissura até conseguir passar de fase. E na sua vida profissional, na sua vida acadêmica, você não tem essa mesma fissura?

Eu acho que errar vai fazer parte do jogo, eu acho que só não erra que não faz, eu acho que a gente tem que ter essa tranquilidade de que o erro vai existir.

É claro que a gente tem que tentar evitar o erro, prevenir o erro, mas eu acho que precisamos entender que o erro é parte do processo de aprendizagem.

E o segundo ponto que eu acho que a gente tem que ter em mente, é que não tem como você fazer algo, ou tentar fazer algo, que ninguém nunca fez, e portanto que não tem conhecimento prévio, uma noção prévia, uma teoria prévia, e você acreditar que vai dar certo desde o o primeiro momento.

Você não tem uma receita de bolo. Você não tem um passo a passo para você seguir.

Então se eu quero inovar, o que eu acho que seria legal?

Na minha preparação de aula, eu sempre vou tentar dar uma aula que eu, Suzana, gostaria de assistir se eu fosse estudante.

Eu acho que é muito ruim quando você é um professor que não se coloca no lugar do seu aluno.

Eu penso: “Pô, será que é legal eu fazer essa abordagem que eu vou fazer hoje, no segundo horário da turma da noite?

O cara trabalhou o dia inteiro, está cansado para caramba, e ainda tem que assistir minha aula. O que eu posso fazer para minimizar esse tipo de coisa?”

E eu acho que o terceiro aspecto é você ter em mente que as críticas vão existir. Você tem que ter muita tranquilidade em relação às críticas.

Provavelmente quem nunca pensou naquilo, quem não quer sair da zona de conforto, quem, de alguma forma, inveja o que está sendo feito, quem simplesmente é crítico por natureza, vai te criticar, vai se incomodar, vai apontar o dedo.

E de novo, você tem que ter a mesma fissura que você tem que passar de fase no jogo eletrônico: “O que eu tenho que fazer para melhorar meu jogo?”

Gabriel: E, Suzana, seu parecer final: advogar ou concurso público.

O que esse pessoal vai fazer?  

Qual é o futuro das carreiras jurídicas?

Qual é o impacto dessa nova geração no mercado de trabalho?

Advogar ou prestar concurso público: qual é o futuro da educação jurídica?

Suzana: Bom, talvez eu não seja a melhor pessoa para te responder isso, porque eu sou uma pessoa que o único concurso público que eu fiz na vida foi para professora substituta da UFMG.

Talvez, se algum dia eu vier a fazer outro concurso, certamente vai ser para um cargo no magistério.

Eu jamais faria um concurso público, e eu tenho muita tranquilidade em relação a isso, para as demais carreiras relacionadas ao Direito, por uma questão de aptidão.

Eu tive experiência como estagiária no serviço público, não me identifiquei, e eu tenho uma pegada muito bacana com a advocacia privada e com uma advocacia privada dentro do meu escritório.

Eu costumo brincar com pessoal que trabalha comigo “meu escritório, minhas regras”.

Eu tenho a possibilidade de fazer a coisa do meu jeito, então é um escritório um pouco mais informal, é um escritório formado por gente jovem, é um escritório que eu tenho possibilidade de trabalhar de calça jeans, tênis e camiseta, tirando os dias que eu eventualmente preciso ir ao fórum ou atender cliente, aqueles ritos que o Direito ainda mantém.

Mas eu tenho algumas liberdades que muitas vezes incomoda o pessoal em escritórios que são mais tradicionais. Então eu sou muito feliz e muito realizada na minha carreira na advocacia.

E se eu pudesse dar um conselho para quem tiver ouvindo. Eu acho que você tem que buscar dentro de você aquilo que te faz bem. Aquilo com que você se identifica, aquilo com que você se imagina daqui a muitos anos.

Porque se você não tem essa identificação, se você não tem essa fissura, se você não tem esse querer, se você não tem essa vontade de fazer aquilo, de mexer com aquilo. Não tem dinheiro no mundo que segure, não tem estabilidade no mundo que se segure, não tem jornada de trabalho reduzida que te segura.

Então, a primeira coisa é buscar dentro de si aquilo que você quer.

Do ponto de vista do mercado, se você me perguntar o que vai acontecer com a carreira pública etc. a gente tem uma nova política do governo em que expressamente se disse, já se anunciou, que a pretensão é de redução do número de profissionais que estão no serviço público.

Uma redução do Estado, então, há uma tendência, num primeiro momento, de ter uma redução muito drástica do número de concursos.

Isso já está se verificando nos últimos anos, no último ano especialmente. Mas por outro lado você também tem uma reforma da Previdência que está em curso, que tem levado a uma corrida por aposentadoria nos diversos órgãos do serviço público.

Então, pode ser que eventualmente, você tenha uma necessidade de reposição de quadros e que os concursos continuem a ser uma opção viável.

E do ponto de vista da advocacia, eu acho que você precisa primeiro pensar: “eu quero ser advogado, mas quero ser advogado em que tipo de escritório?

Eu quero ser advogado num escritório grande? Eu quero ser advogado num escritório pequeno?

Eu quero trabalhar com a advocacia de massa? Eu quero trabalhar com uma advocacia um pouco mais especializada?

Eu quero lidar com as áreas mais tradicionais dentro do Direito? Eu quero trabalhar com carreiras, com áreas de carreiras novas?

O que eu quero fazer?”

E que, responder a essa pergunta, que não é simples, é a melhor reflexão que a pessoa pode fazer.

E eu falo com muita tranquilidade, o que é bom para mim, não necessariamente é bom para você.

E o que é bom para você, não necessariamente é bom para uma outra pessoa.

Cada um de nós tem características, tem valores, tem vontades, tem sonhos, que são sonhos próprios e é a isso que a gente precisa ser fiel.

Gabriel: Muito legal. Começamos hoje aqui tratando de alguns caminhos diferentes que existem nas carreiras jurídicas, acabamos também trazendo isso aqui novamente, que veio à tona.

Trouxemos os problemas que muitas vezes o modelo tradicional de ensino ainda possui, mas também várias possibilidades que tanto os alunos, quantos professores, quanto advogados, podem estar utilizando para estarem trazendo mais eficiência, e para realmente facilitar o aprendizado jurídico.

Isso tem várias possibilidades, de um lado, o cenário pode ser desanimador, o número de advogados no Brasil crescendo bastante.

Vários advogados dizendo que a profissão está saturada, que o mercado tá difícil, e está mesmo.

Mas talvez ainda exista espaço, e certamente existe ainda espaço para quem atua de uma forma diferente.

Você tem algum recado final, Suzana?

Suzana: Não, na verdade quero só agradecer pela oportunidade e dizer que eu estou à disposição de quem tiver ouvindo.

Se quiser conversar, é só fazer contato com Gabriel, ele tem todo os meus contatos.

É uma coisa que eu faço com muita frequência, conversar com os jovens advogados, conversar com jovens estudantes, que muitas vezes queiram descobrir esses caminhos, procurar alternativas, procurar possibilidades, que eventualmente queiram levar para suas para suas escolas, para seus escritórios, esses projetos, que são projetos de novas formas de aprendizado.

Eu estou à disposição para o que o pessoal precisar.

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