Legaltech e lawtech são empresas que desenvolvem soluções inovadoras e tecnológicas para melhorar a rotina e a gestão dos escritórios de advocacia.
Se até pouco tempo era difícil imaginar o uso da tecnologia e da inovação no universo do direito, nos últimos anos essa situação começou a mudar.
Circunstâncias, como a crise econômica, a concorrência e o nível de exigência dos clientes, fizeram com que fosse necessário aos advogados inserirem esses recursos nas suas atividades se quisessem alcançar bom desempenho no mercado.
Nessa nova forma de trabalhar que emergiu, conhecida como advocacia 4.0, as startups jurídicas se tornaram a “bola da vez” por trazerem práticas e ferramentas inovadoras que revolucionaram a rotina dos escritórios de advocacia.
Ainda desconhecidas por muitos, as lawtechs e legaltechs provocam uma diversidade de dúvidas nos profissionais do direito: o que são essas empresas? Quais trabalhos desenvolvem? Como é o mercado desses negócios no Brasil?
São essas e outras questões que vamos responder ao longo deste artigo. Então, se você quer ser um advogado de sucesso, recomendamos que leia o post até o final para descobrir como essas tecnologias podem melhorar seus serviços ainda mais.
O que significa lawtech e legaltech?
Por mais que pareçam termos distintos, não existem diferenças conceituais em relação às lawtechs e legaltechs. No dia a dia, essas palavras podem ser usadas como sinônimos.
Ao observar a etimologia dessas expressões, notamos que elas são formadas pelos prefixos “law/legal” que remetem ao direito, enquanto o sufixo “tech” representa a abreviatura de “technology”, ou seja, tecnologia.
Portanto, chegamos a conclusão de que essas empresas de base tecnológica – em sua maioria startups – existem para desenvolver soluções que otimizem o trabalho do setor jurídico, público ou privado, por meio da inovação.
Na Freelaw, já disponibilizamos uma aula gratuita completa sobre tudo que você precisa aprender a respeito dessas empresas tecnológicas. Assista o vídeo abaixo e confira esse conteúdo na íntegra:
Quais as categorias de lawtech ou legaltech existentes?
Para que você saiba mais sobre as lawtechs e legaltechs, vamos apresentar as 12 principais categorias que elas normalmente atuam. Essa classificação foi feita a partir de dados da AB2L – Associação Brasileira de Lawtechs & LegalTechs:
1. Automação e gestão de documentos
São softwares que automatizam tarefas, como o preenchimento de documentos jurídicos ou a gestão de contratos, reduzindo o tempo gasto pelos advogados nesses processos. Um exemplo de solução nessa categoria é a Netlex.
2. Gestão de escritórios e de departamentos jurídicos
Essas ferramentas são voltadas para a organização e o armazenamento de informações importantes para a execução do trabalho da advocacia (como prazos, documentos, orientações, entre outros recursos).
Desse modo, essas legaltechs/lawtechs promovem melhorias na gestão dos escritórios de advocacia, tanto em relação ao relacionamento com as equipes jurídicas quanto no contato com os clientes.
Além disso, elas aumentam a produtividade dos serviços prestados por escritórios e departamentos jurídicos. Como exemplo de startup nessa área, temos a Preâmbulo.
3. Analytics e Jurimetria
Outro tipo de solução que existe são as empresas que fazem a coleta e a análise de dados jurídicos, como o trabalho realizado pela Digesto.
Elas são importantes porque podem ajudar os advogados, por exemplo, a entenderem como um caso é julgado em um Tribunal apenas observando as informações extraídas da sua jurisprudência.
4. Resolução de conflitos online
Assim como a empresa Sem Processo, existem negócios que desenvolvem softwares jurídicos para auxiliar em processos como a conciliação e mediação de conflitos e fechamento de acordos.
Desse modo, eles possibilitam que as partes sejam mais protagonistas na resolução dos seus casos, sem a necessidade de entrar na esfera judicial.
5. Conteúdo, educação e consultoria
Essa categoria inclui consultorias e portais de informações, notícias ou legislações, que ajudam os advogados a se atualizarem a respeito das novidades do universo jurídico.
Um dos exemplos desse ramo é a Future Law, que produz conteúdo focado nos profissionais do direito, além de ofertar cursos voltados para a inovação.
6. Extração e monitoramento de dados públicos
Também é possível encontrar ferramentas que realizam o monitoramento e a gestão de informações públicas, como de andamentos processuais, publicações e documentos cartorários, do mesmo modo que trabalha a upLexis.
7. Redes de profissionais
Entre essas soluções existem aquelas que promovem a conexão entre advogados e potenciais clientes, favorecendo a prospecção, como acontece na plataforma da JusBrasil.
Outras já estabelecem o vínculo entre profissionais de direito com a intenção de formar parcerias para a execução de serviços. A Juris Correspondente é um dos exemplos de legaltechs/lawtechs que oferece esse tipo de integração.
A Freelaw também se encaixa nessa categoria! Nossa ferramenta tem como objetivo estabelecer a conexão de escritórios de advocacia a advogados especializados para a realização de serviços sob demanda.
Na prática, por meio do nosso sistema, você consegue fazer a contratação de um advogado home office, freelancer, (ou ser contratado assim) para atender a uma necessidade jurídica específica, levando em conta as qualificações e experiências do profissional.
Após o cumprimento do ato solicitado pelo advogado, nossa solução ainda permite que o contratante peça revisões ou modificações para que o trabalho seja finalizado com excelência.
Para saber mais como aproveitar a experiência na nossa plataforma, recomendamos que leia este artigo com dicas práticas que vão te ajudar a usar nosso sistema da melhor forma possível.
8. Taxtech
São as soluções tecnológicas que visam facilitar a resolução das questões tributárias no ramo empresarial, como faz a Taxcel.
9. Compliance
Também existem lawtechs/legaltechs que se dedicam aos processos de compliance das empresas para garantir mais agilidade e precisão nas tarefas. Como exemplo dessa categoria temos a Ventura.
10. Faça você mesmo
Se você é leigo no universo do direito, saiba que existem startups que oferecem soluções para que qualquer usuário gerencie seus próprios documentos jurídicos. Como exemplo dessas empresas é válido citar a JURIDOC.
11. IA – Setor público
Nessa categoria se enquadram as soluções de inteligência artificial voltadas às demandas do setor público, como o que realiza a Legal Labs.
12. Regtech
Problemas gerados pelas exigências de regulamentação também podem ser resolvidos com soluções tecnológicas oferecidas pelas legaltechs/lawtechs. Se você deseja conhecer negócios que atuam nesse ramo, acesse a página da Legalbot.
Com essa lista você teve a oportunidade de conferir muitas empresas que levam a inovação e a tecnologia no dia a dia dos advogados. Mas, no site da AB2L, é possível conseguir mais opções em cada uma das categorias mencionadas.
Lawtech e Legaltech no exterior
Sabe-se que o Brasil é o país que mais possui cursos universitários em direito. Contudo, se avaliarmos o mercado de legaltechs/lawtechs, perceberemos que o número dessas empresas no exterior é bem mais elevado do que em nosso país.
Por causa desse comparativo, não pense você que a atividade jurídica realizada ao redor do mundo seja mais inovadora, porque, na prática, ela tem um caráter muito conservador, assim como a do Brasil. Entretanto, esse fator não interfere no surgimento ou crescimento desse tipo de negócio.
De acordo com a pesquisa da Thomson Reuters, houve um aumento de 484% no número de patentes de novas tecnologias jurídicas registradas entre 2012 a 2016. Número que vem especialmente dos Estados Unidos, da China e da Coreia do Sul.
Só no território estadunidense, já existem mais de 1129 startups jurídicas, como aponta um estudo da CodeX da Universidade de Stanford.
Dados que são motivados sobretudo por fatores locais como, por exemplo, nos Estados Unidos é dever ético dos advogados possuírem “competência tecnológica” e estarem atentos aos benefícios e riscos dessas novas soluções.
Contudo, todas essas informações não indicam que o uso da tecnologia também não seja uma tendência cada vez maior na rotina dos advogados do Brasil…
Lawtech e Legaltech no Brasil
De acordo com um relatório elaborado pela AB2L, o Brasil possui mais de 100 soluções tecnológicas distintas voltadas ao mercado jurídico. Um número que aumentou significativamente nos últimos 10 anos.
Cada vez mais, o direito brasileiro vem percebendo que é preciso se adaptar às mudanças trazidas pela revolução digital.
A OAB, inclusive, já inaugurou comissões, em vários estados do Brasil, para estudar e atender as demandas exclusivas relacionadas às startups e à inovação jurídica no país.
Aos poucos, os advogados vão aprendendo a lidar com essa nova realidade de rotinas mais flexíveis, com reuniões virtuais, e a possibilidade de trabalhar até mesmo de modo remoto.
Como encontrar Lawtechs e Legaltechs certas para o seu caso?
Redução de custos, aumento de eficiência e a otimização de processos do seu escritório de advocacia: de forma geral, você já deve ter percebido alguns dos benefícios que as legaltechs/lawtechs podem levar para a sua empresa.
Mas, com tantas opções no mercado, você deve ter se perguntado também: como escolher a melhor solução para o meu negócio? A seguir, fizemos um passo a passo que vai te ajudar a fazer uma escolha certa:
1. Identifique o seu problema com base em dados
Não adianta optar por uma solução apenas porque ela parece muito boa, se ela não faz sentido para a sua empresa. Antes de pesquisar as alternativas do mercado, conheça os problemas específicos da sua equipe jurídica.
Assim, é maior a possibilidade de encontrar uma legaltech/lawtech que realmente traga resultados concretos para o seu escritório.
Por exemplo, se seu problema é perder muito tempo na elaboração de documentos, prefira ferramentas que fazem a automação e a gestão inteligente desses arquivos, otimizando a realização desses processos na sua empresa.
2. Crie soluções com simplicidade
Não é porque existem várias opções de recursos tecnológicos no mercado, que você deve inserir todos no dia a dia da sua equipe jurídica.
Essas ferramentas estão aí exatamente para aperfeiçoar seu trabalho, então procure sempre a solução que traga o melhor resultado com menos esforço. Evite recursos que, ao invés de facilitar, vão dificultar os processos feitos no seu negócio.
3. Conheça as tendências do mercado e busque soluções tecnológicas
Esse novo contexto também exige que os profissionais do direito desenvolvam novas habilidades. Por isso, esteja atento ao que o mercado jurídico tem feito, aprendendo cada vez mais sobre as novidades.
Essa atualização é importante para trazer diferenciais ao seu trabalho. No momento, recomendamos que você também se aprofunde em temas como legal design, empreendedorismo jurídico e legal growth hacking.
Lawtechs e legaltechs para pequenos escritórios
Diferente do que parece, levar inovação para o seu negócio quase nunca é um “caminho reto” sem dificuldades. Muitos entraves vão surgir nessa jornada, especialmente se você é um pequeno escritório.
Isso acontece porque a maioria das lawtechs/legaltechs estão voltadas ao atendimento de grandes empresas e nem sempre os negócios jurídicos menores terão o orçamento necessário para investir nessas soluções tecnológicas.
Contudo, mesmo com essa inacessibilidade, no mercado já é possível encontrar algumas tecnologias mais “democratizadas” que visam atender, essencialmente, as demandas de pequenas empresas jurídicas.
Como exemplo disso, temos o trabalho feito por redes de profissionais como acontece aqui na plataforma da Freelaw. Na legaltech Lexio, também existe uma solução para automatizar documentos focada nos serviços de escritórios menores.
Ainda vale destacar os diversos aplicativos e ferramentas gratuitas que já foram desenvolvidos e podem ser usados por qualquer advogado, seja ele de uma organização maior ou até aqueles que atuam de modo freelancer.
Presente x futuro das lawtechs e legaltechs
Diante do exposto no artigo, deu para perceber que as lawtechs/legaltechs ainda são, relativamente, muito poucas no Brasil, se comparado ao tamanho do mercado.
Uma circunstância que também se une ao fato de que a maioria dos advogados ainda não utilizam efetivamente essas ferramentas no seu dia a dia.
Desse modo, o desenvolvimento das legaltechs/lawtechs fica limitado às necessidades das grandes empresas, deixando muitos problemas corriqueiros da advocacia de fora dessa inovação tecnológica.
Porém, aos poucos, esse cenário irá mudar, especialmente porque as equipes jurídicas abertas às novidades digitais estão cada vez mais competitivas e será difícil concorrer com essas organizações que estarão preparadas para o futuro.
Por isso, a tendência é que a maior parte dos profissionais da advocacia se atualizem ainda mais para essa nova realidade, correndo atrás de desenvolver novas habilidades que serão muito importantes para o sucesso do seu negócio.
5 entrevistas sobre inovação e tecnologia na prática jurídica
No nosso podcast “Lawyer to Lawyer” também já publicamos conteúdos interessantes acerca das legaltechs e lawtechs. Na sequência, selecionamos cinco desses episódios para que você aprenda ainda mais sobre esse assunto:
Episódio 70: Transformação digital e inovação na advocacia
Na conversa com Erik Nybo no episódio 70, você terá a oportunidade de pensar de que modo os recursos tecnológicos podem aprimorar a organização e gestão do seu escritório de advocacia, diminuindo o tempo gasto em atividades rotineiras.
Episódio 49: Tradição e inovação na advocacia, ao mesmo tempo
Com Selmo Fraga, no episódio 49, você confere um bate-papo sobre as novas habilidades necessárias aos advogados para gerenciar seus escritórios, preparando-se ainda mais para essa nova realidade da advocacia.
Episódio 41: Desafios da inovação em grandes escritórios de advocacia
Na entrevista do episódio 41 com Victor Cabral Fonseca, o assunto é o caminho que as empresas jurídicas maiores têm que trilhar até a implementação de inovação na sua rotina. Ele ainda abordou como definir uma boa solução para o seu negócio.
Episódio 10: Os desafios da inovação na advocacia
No episódio 10, é a vez de aprender sobre as etapas que irão acompanhar a jornada dos advogados que se propõem a inovar nos seus serviços em um bate-papo com Renata Trivilini.
Episódio 1: Envolva todo o seu escritório de advocacia na inovação
Por último, vale destacar a conversa do episódio 1 com Pedro Severo, em que falamos sobre a necessidade de enxergar os escritórios de advocacia como empresas e o que você precisa para aplicar essa cultura no dia a dia da sua equipe.
Já deu para notar que as novidades da inovação e da tecnologia não param e os advogados que querem sair na frente precisam se atualizar cada vez mais para acompanhar esse ritmo.
Recomendamos que você continue seu caminho de aprendizagem com a leitura do nosso e-book gratuito “Tecnologia e inovação para advogados na prática”. Esteja preparado para os novos desafios que irão surgir na sua jornada profissional!