Você quer saber como começar a cerreira fazendo a diferença no início da advocacia?
Quer aprender estratégias de Marketing permitidas pelo Código de Ética da OAB?
No episódio #13 do Laywer to Lawyer, o podcast da Freelaw, Gabriel Magalhães entrevista Vitor Scarpelli.
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Victor Scarpelli
É graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos em 2017 e é advogado no Escritório Sampaio Brandão Advocacia, com foco em Direito Tributário, Societário e Cível.
O Vitor atuou no Escritório Lacerda Diniz e Sena de 2016 a 2018. E possui Diploma de Especialização em Direito Médico pela SAT – OAB/MG.
Fluência nos idiomas estrangeiros Inglês e Italiano: Títulos FCE – Cambridge e UCSC – Milão, Itália.
O Victor também tem um programa na rádio.
Gabriel Magalhães
É um dos fundadores da Freelaw e o Host do Lawyer to Lawyer. É bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos.
Possui formação em Coaching Executivo Organizacional, pelo Instituto Opus e Leading Group.
Formação em Mediação de Conflitos, pelo IMAB, e em Mediação Organizacional, pela Trigon e pelo Instituto Ecossocial. Certificações em Inbound Marketing, Inside Sales e Product Management pelo Hubspot, RD University, Universidade Rock Content, Gama Academy e Tera, respectivamente.
Escute o episódio em seu player de áudio favorito e leia o resumo do episódio abaixo que conta com todas as referências citadas durante a gravação.
Gabriel: Hoje estou muito feliz de estar aqui com Victor Scarpelli, ele foi presidente do DA da Milton Campos quando eu ainda estudava na faculdade. Convivi com ele, convivo com ele há muitos anos, o Victor é uma pessoa muito qualificada.
Tenho certeza que vai agregar muito a todos, seja muito bem vindo Victor!
Victor: Olá Gabriel, obrigado! Cumprimento a todos os ouvintes e fico honrado e agradecido com o convite.
Eu tenho acompanhado o seu trabalho e já é sensacional, com a certeza de que vai continuar crescendo, pois a ideia realmente é disruptiva, muito boa. Estou sempre na torcida.
Gabriel: Victor, para ser sincero, acho que esse é o episódio do Lawyer to Lawyer que eu fico mais nervoso, porque o Victor, para quem não sabe, é entrevistador de rádio.
Então agora estamos invertendo os papéis, eu tenho uma pessoa aqui mais experiente do que eu do outro lado.
Victor: De jeito nenhum Gabriel, inclusive eu tenho acompanhado os episódios da Freelaw. Foram muitas entrevistas legais.
Estou realmente honrado em participar e poder agregar um pouco com isso. Vamos falar da rádio depois sim, porque uma coisa que eu adoro fazer.
Como as experiências acadêmicas agregam na vida profissional
Gabriel: Victor, eu acho temos muito o que conversar aqui hoje. Eu queria muito entender um pouco mais a sua trajetória, desde os tempos do diretório acadêmico lá na Milton campos.
O que foram as experiências acadêmicas para você, o que isso agrega hoje na sua vida profissional?
Já que você formou não tem tanto tempo, em 2017, mas já está com muitas parcerias consolidadas, com clientes consolidados e com o programa na rádio.
O que foi esse início da sua carreira? Como que está sendo?
Quais são os desafios que você pode compartilhar com os colegas advogados que estão nos escutando?
Victor: Começa a história quando a gente escolhe o nosso curso. Então, sempre tem aquela dúvida, quem sabe nós não estamos falando para alguém que acabou de escolher o Direito.
Essa dúvida você só vai ter certeza durante o curso. Depois vem a escolha da profissão, já que o Direito, como todo mundo sabe, abre várias as opções diferentes.
Dessa forma, eu escolhi a advocacia porque eu acho que combina comigo, creio que a pessoa tem que buscar isso também.
Tem que ver se vai encaixar com o perfil dela, às vezes as pessoas buscam outra coisa e nem sempre vai ser mais satisfeita.
Então, a partir do momento que a gente escolhe a advocacia, no curso já temos que voltar a nossa direção pensando nisso, pensando que eu quero ser um advogado, seja para trabalhar no escritório ou para ser para abrir seu próprio negócio e seguir seu caminho.
Vamos falar mais sobre isso, do momento em que a pessoa abre o escritório, das dificuldades, onde trabalhar no escritório.
Mas na faculdade eu acho muito importante a pessoa já estar totalmente focada nesse momento. Ali, por exemplo, já está começando sua vida profissional.
Estando na faculdade, conhecendo os professores, que daqui a pouco vão ser seus colegas de profissão ou, até mesmo, estarão no mesmo caso, ele seja um juiz do seu caso, um promotor.
Logo, é na faculdade que a gente está convivendo com os nossos colegas, inclusive seus colegas de turma, que também vão ser tudo isso.
Ou seja, você já está no seu meio profissional. Aproveitar na faculdade em todos os momentos é essencial e foi o que eu fiz, eu aproveitei.
Não posso reclamar, aproveitei bastante esse lado da faculdade nos oferece. Como você também aproveitou bastante a faculdade, eu acho que já começa aí.
Gabriel, a pessoa não pode achar que depois de formar é que vai começar, acho que é pelo primeiro e segundo período que as coisas começam.
Gabriel: No meu caso, uma questão que eu vejo na sua trajetória é que, nesse ponto, acho que a gente se assemelha um pouco, eu acho que é a questão de aproveitar muito as oportunidades fora de sala.
Porque às vezes a sala de aula, que tem sua importância sim, mas está cada vez mais limitada, não preparando efetivamente para o mercado de trabalho.
Por isso, se a gente não buscar outras coisas, relacionamentos, grupos de estudos ou o próprio DA, como você que assumiu a liderança.
Victor: É exatamente isso que você falou.
Outra coisa que eu pensei é a gente refletir sobre a quantidade de cursos de Direito no Brasil, inclusive já vi informações que é o país com o maior número de cursos de direito, mesmo que somados todos os outros países ainda lideramos.
Ou seja, são muitos cursos de Direito, muitos profissionais formando, logo eu acho que isso ressalta a importância da pessoa, desde a faculdade estar se preparando.
A coisa é séria mesmo porque a concorrência é alta. Então, tem que estar preparado para, já quando se formar, prestar um bom serviço.
Então Gabriel, a questão do diretório acadêmico é o seguinte, a pessoa tem afinidade com isso. No meu caso, eu tinha afinidade com isso.
Tem gente que tem afinidade com atlética, tem gente tem afinidade com grupos de estudo, com competições de arbitragem ou as competições simuladas.
Por isso, o que eu acho legal é a pessoa aproveitar a faculdade, não só chegar lá para assistir aula, terminou a aula, ir embora e focar apenas no lado acadêmico.
O acadêmico é fundamental, é o mais importante, a gente está lá para isso, mas também para aproveitar as outras oportunidades da faculdade, o que eu acho fundamental.
Gabriel: Legal Victor, e você teve essa experiência acadêmica, enfrentou dificuldades, frequentou locais de trabalho, trabalhou por dois anos no escritório Lacerda Diniz e Senna.
E agora você está com a advocacia própria, qual a diferença?
Você já falou até um pouco, sobre trabalhar no escritório dos outros e agora você tem o seu próprio negócio neste início.
Victor: Gabriel, eu na faculdade, até queria comentar com você, como com todos os nossos ouvintes, sobre a questão da faculdade, quando a gente está lá é legal fazer tudo isso fora do ambiente de sala de aula, é importante você conhecer mais pessoas e com isso se tornar mais preparado para atuação profissional.
Ou seja, eu vejo muita gente hoje que me procura e fala: “Nossa tem estágio no escritório? Você consegue arranjar um estágio para mim?”
Infelizmente não consigo ajudar muitas pessoas, na maioria das vezes eu gostaria, mas são muitos estagiários para nem tantas vagas.
Logo às vezes esses grupos de estudo, as pesquisas acadêmicas, o que você fizer já está somando no currículo, é uma forma de aprendizado e você estará ocupando seu tempo com algo interessante.
Eu queria por isso comentar também sobre a importância do estágio, quando a pessoa consegue a oportunidade de estágio deve abraçar como um trabalho, até mesmo porque ela está tendo uma grande oportunidade.
No entanto, eu não concordo com a pessoa começar a estagiar no primeiro ou segundo período. Não precisa disso, também tem um momento ali que ela deve focar no estudo e na convivência com os colegas da faculdade.
Mas vou te dar um exemplo Gabriel, o estágio mais legal e proveitoso que eu fiz foi no Tribunal de Justiça. Eu já queria ser advogado, já tinha esse sonho e meta, mas mesmo assim fiz estágio no Tribunal de Justiça, que foi o mais legal e até mais interessantes que os outros em escritórios.
Porque eu vi o outro lado, o da decisão judicial, da fundamentação do magistrado, como que funciona o rito do processo lá dentro.
Isso para mim foi fundamental, todas as coisas inesperadas, que são muito valiosas para a gente.
Então fica a dica em caso de algum estudante estar nos ouvindo, o estágio pode ser muito marcante, uma fonte de muito aprendizado.
Gabriel: Legal! Mas assim, nesse andamento, desde o início você queria advogar ou você tinha alguma dúvida quando estava no TJ?
Victor: Não Gabriel. Mas as pessoas não precisam ficar preocupadas com isso caso não for do mesmo jeito com elas, mas comigo foi sempre mesmo, desde o primeiro período eu já tinha essa vontade de advogar e continuei com ela durante todo o curso. Mesmo antes, durante e depois do TJ, ela persistiu.
Outro ponto legal do TJ foi ter visto advogados tendo a oportunidade de conversar com o magistrado, que sempre os recebia muito bem, fazendo o papel profissional que ele tem de fazer. Eu aprendia também como é esse diálogo e como ele deve ser feito.
Você mostrar ao magistrado que você quer mostrar provas e os elementos para ele ouvir as duas partes e assim poder tomar sua decisão também é um procedimento fundamental, sabe?
Já puxando para a advocacia, essa conversa, o famoso despachar com o juiz, é uma prerrogativa, uma coisa importante para você trazer luz sobre algum fato, bem como é algo importante para se fazer também em casos específicos.
Gabriel: Uma coisa boba que eu estava até conversando com amigos recentemente foi sobre a faculdade de Direito e os problemas que ela tem, por exemplo, ninguém ensina a gente a despachar.
Então, tem gente que quando vai despachar tem calafrio porque é uma habilidade, são softskills que você não aprende na sala de aula.
Você pode ser ótimo em Direito material, mas se você não tiver um jogo de cintura para despachar fica um pouquinho mais difícil.
Victor: Você tem toda razão, não é fácil. Muitas vezes o juiz também vai fazer algumas perguntas que são difíceis.
Então realmente, a primeira audiência é uma coisa preocupante, dá receio e insegurança.
E vamos falar sobre a audiência também, que tem a ver com o despachar com juiz, é praticamente a mesma coisa. Você pode sentir seu coração bater mais forte na hora, até mesmo como apresentar um trabalho de grupo na frente de muitas pessoas, ao dar uma entrevista aqui para a Freelaw.
Nesses casos, você tem que ficar tranquilo, respirar fundo e ter consciência de que você vai fazer o seu melhor, sabendo também que ficar nervoso só vai te atrapalhar.
E uma dica legal que aprendi na faculdade foi um curso, tivemos o curso de oratória. Vou até falar o nome para dar os créditos merecidos, Rodrigo Moreira, você se lembra dele?
Gabriel: Eu conheço muito o Rodrigo.
Victor: Pois é, assim que você mergulha na faculdade. Lembro de uma sessão que ele nos ensinou, que eu lembro até hoje, foi o seguinte: “Nervosismo é normal no primeiro minuto, no segundo minuto da sua apresentação. Depois disso, o normal é que você fique mais tranquilo.”
Então o nervosismo bate para todo mundo. Agora depois fica tranquilo, respire e faça a sua audiência consciente das informações que você tem que passar a defender o interesse do seu cliente, vai dar tudo certo. Deixa o nervosismo ir embora.
Primeiros desafios na advocacia
Gabriel: E como foi a sua primeira audiência?
Victor: Olha Gabriel, na primeira audiência que eu fui, estava representando a minha avó no processo. Por ela sabe?
Então, foi o caso de família que eu acho até mais difícil. Talvez porque, caso de família é delicado, a gente sempre presta nosso melhor serviço, mas se você não for tão bem sucedido em uma causa de família é chato, você está sempre encontrando com aquela pessoa.
Então o meu caso foi esse. Me preparei muito, me prepararia igual para qualquer cliente que fosse, mas teve esse detalhe, essa coincidência que acabou sendo para mim a boa primeira audiência que participei e felizmente deu certo.
Inclusive, aconteceu uma coisa muito legal Gabriel, que eu sei que você gosta muito também, o acordo.
Hoje em dia ele é uma tendência, a mediação e a conciliação e o acordo judicial, porque ninguém quer ficar esperando uma sentença e depois o recurso de uma decisão judicial.
Sabemos que só uma das partes vai ficar satisfeitas, e talvez nenhuma delas fique satisfeita.
Por isso eu sempre privilegio muito o acordo. Eu acho que quando as partes estão obviamente concordando com aquilo, ambas vão ficar relativamente satisfeitas.
Eu privilégio muito isso e a primeira audiência judicial acabou se tornando um acordo porque a cliente que eu estava representando ficou satisfeita, o outro também estava concordando.
Foi satisfatória a minha primeira oportunidade.
Gabriel: Poxa, legal. Sempre dá um calafrio, né? Já pude sentir.
Victor: Claro, é o mesmo calafrio que você tem em outras experiências. Quando você fala em público e outras coisas, mas o que importa é a pessoa estar preparada.
Eu acho que quando ela está preparada, leu bem o processo, sabe os direitos, sabe as provas, sabe a lei, então não tem com o que se preocupar.
Você vai fazer o seu melhor e a decisão não dependem de você, você só deve dar seu o melhor.
Dessa forma, acho que a insegurança advém muito do desconhecimento do que pode acontecer na audiência, não tem motivo para ficar nervoso, só no primeiro minuto, como o professor nos ensinou e depois manter a calma.
Gabriel: Legal, e Victor, entrando um pouquinho na sua carreira como advogado, eu percebo que geralmente advogados com poucos anos de formado escolhem e trabalham em grandes escritórios.
Ficam ali para sugar um pouco da experiência desses profissionais, outros resolvem abrir o seu próprio negócio e vejo que você está buscando criar o seu próprio negócio, por que você optou por esse caminho?
Advogar para um escritório ou abrir meu próprio negócio?
Victor: Eu acho que isso também é muito do perfil de cada pessoa, com certeza tem pessoas que preferem trabalhar em um escritório porque elas não querem ter o trabalho extra.
Você vai ter que necessariamente captar clientes, ter o cuidado administrativo, deve ser empreendedor e existe o risco envolvido. Tudo isso envolve uma pessoa que quer ter seu próprio negócio.
Então às vezes a situação dela, trabalhando no escritório, é muito melhor do que ter o próprio negócio.
A pessoa que quer ter o próprio negócio quer inovar, quer fazer algo do jeito dela, pois acha que pode fazer algo diferente e crescer mais. Elas fazem isso pois trabalhar no escritório vai deixa-las fechadas, sem a possibilidade de crescimento, os principais motivos são esses.
Também se fala da falta de oportunidades que elas estão tendo em um outro lugar e agora tentam fazer por conta própria.
Mas Gabriel, acho que todo mundo que entra nisso tem que saber que é muito difícil. As dificuldades são evidentes e a pessoa tem que ter muita resiliência, tem que acreditar que vai dar certo, ter fé e fazer acontecer, porque não é nada fácil.
Como captar novos clientes fazendo a diferença no início da advocacia
Gabriel: E uma questão que eu escuto muito é como captar clientes nesse início de advocacia.
Porque todo mundo fala que a melhor forma de captar clientes é boca a boca, a indicação. Mas nesse início, que a gente não tem tanto histórico.
Como podemos captar novos clientes?
Victor: Gabriel, não é fácil, mas eu também tenho a opinião de que é possível. É claro que a pessoa tem que começar de algum lugar, até contei o caso da minha primeira audiência, que foi um caso de família. Nada melhor do que a sua tia ou seus parentes passando o primeiro caso para você assim que você se formou e então já começar.
Quando não é possível isso, um amigo, alguma pessoa que te conhece e vai te indicar, porque esse é o único jeito de começar.
Você tem que buscar e correr atrás, porque vão aparecendo oportunidades e é aí que começa o nosso trabalho.
Porque eu acredito que o jeito de você captar clientes é prestando o melhor serviço possível. Entregar mais do que foi pedido, sempre mais e com a intenção sincera de ajudar a pessoa.
Na advocacia, a gente tem que entender que a gente está lidando com o problema dos outros e não um problema nosso.
Então, sempre lidar com o problema da pessoa como se fosse o seu ou até mais do que isso. Assim prestando o melhor serviço possível naquele primeiro caso que aparece para você, por mais simples que seja.
Redigir um contrato, tirar dúvidas da pessoa, se você prestar um bom atendimento para essa pessoa, você pode ter certeza que ela vai te indicar, é assim que começa e é praticamente o único jeito.
Já que estamos falando do início, como você perguntou, é fazer o melhor que você pode fazer para aquela primeira pessoa, para a segunda e para terceira.
Se você multiplicar para cinco, para sete, para nove, para dez, desde que você continue prestando um bom serviço, a procura vai aumentar.
Eu não vejo outra forma, a não ser que as outras pessoas da sua família te indiquem para outros e por aí vai, ainda depende dos relacionamentos de cada um.
Mas é isso, aproveite cada oportunidade de fazer o seu melhor, pois o seu cliente é a sua melhor propaganda.
Gabriel: E uma questão, assim, como você definiu quais áreas atenderia e quais você não atenderia?
Vejo você citar muito Direito Tributário, a área empresarial.
Por que essas áreas e não outras?
Atualmente, se chegar a um cliente com uma demanda, mas for de direito previdenciário, você pega?
Victor: É difícil, Gabriel. Eu acho que isso vai do lado da vontade da pessoa.
Desde a faculdade, a gente consegue ter uma noção do que a gente gosta ou não.
Eu sempre gostei das matérias ligadas a Direito Empresarial, achava interessantes os temas sobre negócios, dificuldades enfrentadas pelas empresas e o Tributário, que foi um tema que o trabalhei no escritório.
Então criei uma experiência com isso, também e as áreas se parecem. Por isso que eu quis atuar nessas áreas e quero é meu foco de atuação no direito societário e tributário.
Daí você me perguntou: “e se o previdenciário aparecer e quaisquer outras?”
Gabriel se a gente está atuando no interior não podemos, principalmente no começo, se fechar.
Não tem como, é impossível. A pessoa tem que estar aberta, querendo, fazer e aprender outras áreas sem ser aquelas da preferência de sua preferência.
Especificamente algumas áreas eu prefiro não atuar, porque sei que tem gente mais capaz do que eu para isso.
Advocacia Colaborativa
O exemplo que você citou, previdenciário, sei que tem gente mais capaz do que eu, por isso prefiro passar para essa pessoa, ajudar um colega.
Não que eu não esteja precisando, mas são mais capazes do que eu.
Entre advogados também é possível você fazer parcerias, você chega para um colega e fala: “Vamos fazer juntos” ou “Eu vou te passar isso, vamos combinar um percentual” ou se não você simplesmente indica, o que também acontece com frequência.
Isso vai de cada pessoa, ajudar outra pessoa é sempre muito legal também.
Gabriel, na minha opinião, aqui no interior não dá para ficar só em uma área.
Gabriel: A gente percebe muito isso em várias entrevistas, que esse é um tema bem difícil e polêmico. Assim, principalmente para quem está no interior, porque muitos advogados falam: “Eu tinha que pegar, tenho que pegar o que aparecer”, sendo que às vezes o que a gente pega está desfocando da nossa área principal.
Victor: Exato, é exatamente assim que muitas vezes acontece.
Gabriel: Tem também o exemplo do Robert, ele disse em um dos episódios anteriores. Para que para quem não escutou o episódio, ele advoga em Belo Horizonte, mas estava criando um novo mercado, no qual ele apostou bastante, resolveu atuar só nele e deu certo.
No entanto, existem os casos de outras pessoas que fizeram mais ou menos o mesmo e deram errado.
Acho que talvez não exista uma formula, né?
Victor: É verdade
Gabriel: Você tem que ficar ali observando as oportunidades, estar sempre atento para não perder, conversar com alguns advogados.
Aqui na Freelaw, nós vemos alguns escritórios que estão absorvendo mais demandas, enquanto tem escritório que só não pega Direito Criminal, por exemplo, que é um pouco diferente.
Victor: Bom Gabriel, eu vou falar, por exemplo, de Itabira, que é onde eu morei boa parte da minha vida.
Chega um caso criminal, que é um exemplo que você falou, e eu prefiro não pegar pelo mesmo motivo que o previdenciário, conheço pessoas muito capazes em Itabira para fazer isso, que são especialistas no assunto.
Então não faz sentido eu fazer esse trabalho e eu passo para essas pessoas, eu acho que é por aí.
Agora a pessoa não pode só ficar em uma área, bem como não pode querer abraçar todas, porque como você falou da perda de foco e objetivo, não dá certo.
É igual na medicina, nós vemos que a pessoa se forma e quase todos eles vão fazer uma residência, vão ficar especialistas naquela área.
Eu comparo muito com direito, a gente tem que ficar pelo menos fera, muito bom em uma área específica.
Qualquer que seja a área que você quer atuar, porque você tem que se tornar uma referência para as pessoas, elas têm que saber que naquela área você é a pessoa que elas podem procurar.
Dessa forma você vai ficando conhecido por isso e nada te impede de pegar outras áreas, até puxa também, mas você precisa ter um foco, um direcionamento. Eu acho muito importante, para não dizer fundamental.
Gabriel: Eu concordo com o que você diz e eu acho que é muito importante termos foco, principalmente e entendendo muito bem quem é o seu cliente, quais são os problemas que ele tem.
A Jornada do cliente
Gabriel: Então, é uma questão que a gente até fala de forma recorrente, aqui no podcast da Freelaw para quem é mais assíduo.
É realmente a necessidade de você identificar qual é a jornada do seu cliente, quais são os problemas que ele tem.
Se você está atendendo uma empresa e ela tem problema de Direito Trabalhista, Direito Tributário, Direito Civil, Societário e você só é especialista em uma área, está correndo risco de perder esse cliente para um outro escritório que atua em todas.
Victor: É verdade.
Gabriel: É preciso de que ter uma estrutura, seja interna, seja com parcerias, seja usando alguma tecnologia para que você consiga e aumentar o seu portfólio e fidelizar esses clientes.
Agora, se você começar a atender diferentes tipos de clientes: um que é um idoso, outro empresário, outro jovem, às vezes você não tem foco em nada, aí fica aquela coisa de que não cresce direito.
Victor: Na verdade, várias coisas que você falou eu estava com vontade de comentar sobre, porque o que está acontecendo hoje em dia.
Então vamos lá, a questão de entender as dores do cliente, acho que vai muito disso, tanto para você capitar um cliente quanto para você mantê-lo fidelizado.
Você tem que entender o que aconteceu, tem que viver o famoso “visitar à fábrica junto com ele”, ou seja, ir no negócio dele e entender o que que se passa para você ajudar.
E a questão da venda na advocacia, o advogado também tem que vender e capitar, os mesmos conceitos de venda que os lojistas e comerciantes têm.
Você precisa ver o que aquela pessoa está precisando e vender para ela o que ela está precisando.
Eu acho que o advogado que está começando, assim como eu e tantos outros, tem que estar muito atento a esses conceitos de venda, procurar ver o que a pessoa está precisando para você oferecer.
Habilidade multidisciplinar
Victor: E Gabriel, sobre esses assuntos diferentes dentro do direito, eu quando me formei, mesmo tendo foco no Direito societário e tributário, fui fazer uma especialização em Direito Médico.
Porque eu acho que é uma área que tem futuro, que está crescendo e os médicos vão precisar de mais assessoria nessa área daqui para frente.
Então procurei me especializar e já tenho trabalhado nessa área e acho por aí vai. Você também não pode ficar restrito a uma área, deve ampliar um pouco seu aspecto para ampliar sua atuação.
Gabriel: Uma questão que pode ser relevante, se na hora de definir também até a sua área de atuação para quem está com dúvida: “Ah meu deus o que eu escolho para focar no meu escritório?”
Talvez seja importante também mensurar o tamanho desse mercado. Por exemplo, o mercado de imóveis irregulares é gigantesco, agora com a onda de usucapião e regularização fundiária, tem muito imóvel regular no Brasil. Quem quiser se especializar nessa área eu acho que vai ganhar muito dinheiro.
Da mesma forma talvez o direito médico, com a quantidade de médicos estão se formando, seja provavelmente um mercado em ascensão, o mercado do direito previdenciário com a reforma da Previdência pode ter algum boom.
Então também é importante estar atento a essas questões que influenciam diretamente na quantidade de demandas, tem um lado de amor à sua área de direito material, mas para as pessoas mais pragmáticas ou mais capitalistas, digamos, também é importante fazer essa análise econômica das oportunidades.
Victor: É verdade Gabriel, você falou tudo, é exatamente por esse lado. A pessoa tem que ver qual é a tendência.
Gabriel: E uma tendência até do ponto de vista micro, às vezes pode dar certo, dentro da minha rede de contatos.
A família do meu pai, ele é empresário do ramo de farmácia, talvez ele tenha muitos amigos e farmácia pode ser um bom caminho para você começar a capitar nessa área.
Victor: É verdade, tem toda a razão, mas eu só penso que também é o seguinte, a pessoa não pode ter tantas dúvidas.
Se tiverem em dúvida, escolhe uma logo e vai nela. Depois, se precisar, você aprende também sobre outras.
Então, no meu caso, direito médico, foi isso, eu formado não quis ficar muito em dúvida, fui logo fazer.
Fica essa dica para as pessoas, a dúvida faz parte. Mas a dúvida também, em qualquer aspecto que seja, ela mais ajuda do que atrapalha.
Então tome a sua decisão, reflita, daí você reflete de novo e se decida. Quando você se decide olhe para frente, não fique pensando demais sobre isso não.
Porque a indecisão realmente atrapalha e uma dica para ter é eliminar sempre que possível.
Gabriel: E uma coisa que a gente fala no mundo das startups é decida rápido, erre rápido e troque rápido.
Logo se eu decidi uma área e isso está dando errado, trocarei de área rapidamente, não tem problema, o importante é não ficar parado.
Victor: Isso de não ficar parado eu concordo totalmente.
Marketing dentro do Código de Ética da OAB
Gabriel: Victor, queria que você falasse um pouquinho também, talvez mudando um pouquinho o assunto, na verdade continuando a discussão, fala dessa experiência de captação de clientes, você está fazendo um trabalho muito legal. Você tem trabalho na rádio, tem um trabalho no Instagram.
Tudo de acordo com o permitido pelo Código de Ética da OAB, sempre se preocupando em estar respeitando, em não infringir a legislação.
Como você faz isso? Como que se organiza isso? Quais são seus próximos planos?
Se você tem algum tipo de planejamento, se você tem site, se você tem vontade de ter. Quais os desafios que você também tem nessa área?
Victor: Gabriel, um dos lados mais difíceis da advocacia é explicar como captar clientes.
A gente tem muita oferta de bons escritórios, bons advogados, mas é um exemplo que eu penso: “É o seguinte, você cortar cabelo em um lugar não quer dizer que você não possa trocar de lugar, se você escolhe um restaurante para comer, não significa que não vai trocar.”
As coisas estão sempre mudando, por isso a pessoa que está querendo capitar um cliente deve saber que pode ser ela o próximo advogado ou advogada daquela pessoa que está querendo capitar.
Você sempre tem que ter isso em mente, deve lembrar também que no Brasil não pode fazer propaganda. Anunciar, não pode… Tem várias regras que têm que ser seguidas.
Então, sempre muito cuidado com isso e quando for fazer a divulgação da sua marca sempre lembre de respeitar todas as regras.
Eu gosto de falar no Instagram sobre conhecimentos jurídicos no Brasil e dicas para as pessoas, mas aí, lembrando sempre de nunca falar sobre meus casos pessoais, nunca passar meu contato se oferecendo para falar sobre aquilo para não passar perto de ter algum problema.
Porém o Instagram é uma dica que dou, uma excelente forma para as pessoas conseguirem visualizar você fazendo e distribuindo conhecimento, na própria rádio Oportunidade que eu tenho não falo de direitos justamente para não ter nada disso, falo sobre temas gerais, sempre com muito cuidado com isso.
Gabriel, capitar não é fácil, mas o principal é fazer o serviço bem feito, prestando excelentes serviços para seus clientes, os seus próprios clientes vão te indicar para as pessoas. Eu acho que não foge muito disso.
Gabriel: E você tem algum tipo de planejamento, como você decide? É algo bem intuitivo mesmo?
Victor: Não, eu acho que tem que ter um planejamento, até mesmo para você se preparar para falar sobre aquilo.
Então você tem um certo cronograma e também leva em consideração o interesse das pessoas, o que elas querem.
Primeiro isso e você consegue ver, sentir o que a pessoa tem interesse ou não, por isso sempre, como tudo na vida Gabriel, olhe o lado da outra pessoa, pense no que ela está querendo e no que ela acharia interessante.
A segunda dica é sobre o cronograma, vou falar sobre isso essa semana, sobre aquilo, na outra e na outra, porque até mesmo você estuda sobre aquilo antes para tirar qualquer dúvida que você tem para ficar mais informado ainda sobre aquele assunto.
Gabriel: E como você define esse cronograma?
Victor: Pelo interesse das pessoas, do que vou vendo, por exemplo. Mas como eu falei, tem que ter muito cuidado com isso porque têm as regras do código de ética.
Então, qualquer pessoa que esteja com essa ideia, eu acho muito legal, mas você deve procurar agir totalmente dentro do que é permitido.
A partir disso, eu estava pensando nos temas que as pessoas vão se interessar, temas do cotidiano delas.
Não adianta você querer falar sobre algo que nada tem a ver com seu público alvo, não vai adiantar, ninguém quer assistir, então, tem que ser sobre uma questão do dia a dia dela: multa de trânsito ou problemas com o direito do consumidor, do direito do trabalho, que muitas dessas pessoas são empregados ao empregadores. Coisas que refletem o cotidiano daquela pessoa.
E no direito, temos essa felicidade, pois ele está envolvido em quase tudo, desde a água da sua casa até o seu trabalho, as suas viagens.
Logo, pense no que as pessoas podem se interessar de ouvir, vá direto naquilo pela linguagem simples e pensando em ajudar, nós nuca nunca podemos deixar esse lado e pensar só em nós mesmos ou no retorno que teremos, isso não adianta nada se não ajudar as pessoas.
Gabriel: E isso que o Victor trouxe é muito sobre o Global de marketing da produção, que é sempre buscar gerar valor para pessoa antes de querer algo em troca.
Então, vamos gerar conteúdo, seja em vídeo, texto ou áudio, como é a ideia do podcast que gere valor para a pessoa sem necessariamente querer algo em troca.
Essa ideia é interessante porque, às vezes, cem pessoas vão ler o seu conteúdo e ver seu vídeo, mas noventa e nove não vão fazer nada, não vão comprar nada de você, mas uma se torna cliente e você deu conhecimento para noventa e nove gratuitamente.
Essa ideia é bacana porque você gera um bem, gera valor para muitas pessoas que não vão se tornar clientes, mas de toda forma você também atrai possíveis pessoas que se interessam e podem, futuramente, se tornarem clientes.
Victor: É verdade, Gabriel, eu já acompanhei muito você no Linkedin, vejo os textos que você produz, e eu por exemplo nunca fiz isso, por falta mesmo de, além da capacidade, da condição para exercer esse talento.
Às vezes a gente puxa para outros lados, mas é uma forma muito legal para quem tem essa facilidade, produzir um texto, quem às vezes não tem toda a facilidade para falar para câmera pode produzir textos e publicar toda semana no LinkedIn, é o mesmo exemplo que nós estamos falando sobre aqui, Gabriel, de produção de conteúdo.
Gabriel: Digamos que não é tanto uma facilidade porque é rotina, treino e consistência, e não é fácil manter a consistência em nada.
Nem no podcast, nem nos blogs, nem nos posts do LinkedIn, mas se isso vira uma prioridade, a gente começa realmente a criar uma estratégia.
Porque é sempre assim, a gente sempre gosta de dizer na Freelaw para começarem com o seu primeiro passo e, na minha opinião, a melhor forma de definir uma estratégia é começando até na cronologia da nossa conversa.
Primeiramente definindo qual o portifólio de serviço que você quer atuar, para depois decidir qual o portfólio serviço que seu escritório vai oferecer e entender o seu cliente porque a partir do momento que se entende o cliente, se cria uma estratégia de planejamento de conteúdo, começando assim a pequenos passos.
Às vezes eu posso começar a com posts no Linkedin, com posts no Facebook, com vídeos no Instagram, com um programa na rádio ou dando palestras em eventos.
O importante é dar o primeiro passo e depois ir estruturando tudo, assim a cada semana você vai incrementando uma coisa.
Victor: Legal Gabriel, concordo com tudo e assim, você falou de ter e produzir toda semana, essa pessoa realmente tem que ter aquilo como meta, porque se não vai chegar uma semana que ela vai falar que está com preguiça ou que não tem ideia.
Por isso a importância de você ter um cronograma, tentar sempre deixar as duas, três semanas para frente já definidas, para não ter desculpa, você tem que fazer aquilo. Se não fizer, você sabe que está deixando a desejar.
Então por exemplo, faço isso quando estou na rádio e não ganhei dinheiro com isso, não capitei que clientes com isso, mas na rádio estou sem falar que eu sou advogado para não ter como as pessoas me procurarem.
Já no Instagram forneço dicas, mas também nunca captei clientes por causa disso, mesmo assim vou continuar fazendo porque eu acho que é gerar valor para pessoas.
Eu sinto que estou me desenvolvendo sempre com isso também, então vai muito de pensar nesses outros lados também, mesmo que para a gente não sejam imediatos.
Gabriel: E assim, Victor, tem quanto tempo que você está fazendo essa estratégia?
Victor: Três meses, mais ou menos.
Gabriel: Tem alguma coisa que já deu errado que você poderia compartilhar, algo que não foi legal e alguma coisa deu muito certo.
Victor: Olha, que dá certo dá certo, vou tentar lembrar de alguma coisa errada enquanto isso, mas dá certo, é o retorno que as pessoas dão.
As pessoas agradecendo, dizendo que foi legal e que as ajudou, que foi importante saber disso, algo que ela não sabia.
Recebo isso com frequência e é muito legal, porque eu também não gasto nada com isso, só um pouco do meu tempo fazendo aquilo e saber o quanto estou ajudando é muito legal.
Teve uma vez que eu lembro que falei algo errado uma pessoa me falou, era sobre o contrato de experiência, que eu estava falando.
O exemplo é mais ou menos assim, no contrato de experiência a diferença entre ele e o contrato definitivo é que você não paga o aviso prévio, e eu ressaltei que era essa diferença, mas tinha uma outra coisa além disso, se não me engano, era a multa de 40% sobre O FGTS.
Então aquela pessoa me deu um toque, tipo: “Você não falou sobre isso.”, então eu tive que incrementar isso depois. O que deixa claro que, como qualquer pessoa, também estou sujeito a erros.
Estratégias futuras
Gabriel: Como você quer conduzir essa estratégia daqui a algum tempo?
Você tem algum plano que quer incrementar mais coisas?
Quer ter um blog, um site, quer ter uma equipe para isso, quer manter mais ou menos como tá ou desse jeito ainda não é o que você quer?
Victor: Primeiro eu queria até reiterar que você tem que lembrar com quem está falando, falar com a pessoa assim: “Às vezes você tem seu talento que não é isso.
Então busque sempre lembrar de qualquer facilidade que você tem porque já é mais fácil quando a pessoa tem um talento,”
Vamos supor que eu quisesse ser jogador de futebol, eu morreria de fome, não iria jogar em lugar nenhum. E se eu quisesse ser um pintor, também morreria de fome e por aí vai.
Então é bom a pessoa buscar aquilo que ela tem mais facilidade primeiro. Talvez a facilidade da pessoa seja escrever, então ela foca nisso. Se é falar, pensa mais no vídeo, pensa no próprio podcast, coisas desse tipo e vários outros exemplos. As pessoas que falam bem também podem pensar na área acadêmica e por aí vai.
No meu caso, penso mais em como produzir e talvez só expandir. Talvez para o Linkedin ou Facebook, para atingir um número maior de pessoas, mas por enquanto preciso estruturar melhor e aprender mais para dar o próximo passo, para não dar um passo maior do que a própria perna.
Desafios Profissionais
Gabriel: Legal e assim Victor, qual o maior desafio profissional que você vive atualmente?
Victor: Bom Gabriel, eu acho até que posso chover no molhado falando isso, mas nosso sistema jurídico é muito complexo, ainda é muito difícil lidar com processos judiciais.
Então, a maior dificuldade são esses processos, até mesmo no acesso ao PJE temos dificuldades e processos que demoram.
Às vezes não é por culpa do juiz, mas pela sobrecarga que ele tem, então todo o sistema precisa ser repensado.
Eu acho que isso favorece a mediação, a conciliação, a arbitragem, o acordo e outra coisa: a consultoria prévia.
Você orientar bem o seu cliente, fazer já prevenindo para que não tenha nenhum erro, evitando assim um processo judicial.
Por isso posso dizer para você que a maior dificuldade que tenho hoje é quando se trata de processo judicial.
Gabriel: É engraçado porque além do Podcast da Freelaw, para quem não sabe, a gente vem fazendo outras entrevistas com outro objetivo, mais focado em entender o público e os advogados.
A gente faz sempre essa pergunta lá também e temos um número grande de advogados que falam que o problema é a Justiça e não tem condição, isso acaba com a nossa classe.
Victor: Você vê que realmente é algo recorrente, então tem que ser repensado.
Não temos como colocar culpa em uma pessoa de jeito nenhum, em uma classe só, nem nada.
Acho que tem que ser repensado o sistema legal, até mesmo a judicialização que é demais, além da quantidade de faculdades de direito que a gente tem que, não tenho certeza sobre esse dado, mas me parece que o Brasil é, sim, o país com mais faculdades de Direito do mundo e até somando todos os outros parece que o Brasil compete bem.
Gabriel: É, eu tenho acesso a esses dados e eles são verdadeiros mesmo, o Brasil tem mais faculdades de direito do que o resto do mundo inteiro juntos.
Victor: Então a gente tem uma informação que é interessante para mim e para todo mundo que está ouvindo, a qual deixa a gente preocupado.
Não olhando só o meu lado ou o dos colegas que estão ouvindo, mas porque tanto curso de Direito assim, né?
O que vai ser dessas dezenas de milhares de pessoas que estão se formando, o que vai ser da nossa profissão e, vou até falar uma opinião, mas a prova da OAB é muito importante nesse sentido.
Para prevenir os clientes de contratarem uma pessoa que não vai ter o preparo necessário para atuar na causa dela.
Diante disso, se formos pensar, olha o número de faculdades, quer dizer que todas as pessoas que estão se formando no Brasil inteiro, mais que no mundo toda afora, estão preparadas? Não, infelizmente não e a prova da OAB é um filtro para isso.
Enfim, é uma discussão delicada, mas eu acho que é fundamental manter essa prova para proteger os advogados, os clientes e o sistema judiciário, então fica aí a minha opinião sobre esse assunto.
Gabriel: Esse é um assunto bem, bem polêmico e que é uma discussão profunda, bem complicado.
Todo mundo sabe disso e o mercado jurídico está cada vez mais saturado e, pessoalmente, a gente da Freelaw tem uma visão otimista da situação, porque a gente acredita que, com tecnologia e inovação conseguimos nos destacar nesse mercado competitivo e realmente oferecer serviços melhores para os nossos clientes.
Entregar tudo com mais agilidade, com menos custos. Na verdade, eu acredito que isso faz até, digamos, com que o uso de tecnologia e inovação seja uma necessidade.
Então, quem não está se atualizando, quem não está usando formas boas de buscar para clientes, que não está otimizando formas de execução de serviços, que nunca pesquisou Lawtech para automatizar processos, para se conectar com advogados, para fazer a gestão de documentos ou um software jurídico, por exemplo, talvez esteja um passo atrás de outros advogados. E fica mais difícil mesmo nesse cenário, nesse mar vermelho.
Victor: É verdade, eu mesmo tenho que aprender com isso, claro. E é uma ótima dica, a pessoa não pode ficar para trás com as tecnologias, se não realmente será ultrapassada.
Gabriel: Na verdade, eu acho que a inovação vem sempre antes da tecnologia, então não necessariamente precisamos de usar uma Lawtech, um software para conseguir resultados legais para o escritório.
Às vezes eu faço um vídeo no Instagram, toda semana, igual você está fazendo e é uma forma eficiente, está captando clientes de longo prazo ou então está captando parceiros.
Por isso, digamos, não me entendam mal, pessoas que estão escutando, como se isso fosse uma necessidade, que todo mundo tenha que usar alguma tecnologia.
Talvez não, talvez uma planilha do Excel vai resolver o problema e, da mesma forma que resolve o seu hoje, não sei se você concorda.
Victor: Eu concordo sim, como disse, ainda tenho muito que aprender. Nessa área de inovação, até na Lawtech a Freelaw pode nos ajudar.
Dicas muito importantes são dadas a cada episódio, eu acho que a pessoa realmente não pode ficar parada, tem que procurar inovar.
Eu ouvi outro dia um relato de um advogado com mais idade, ele tinha mais de sessenta anos e estava dizendo que pretendia se aposentar porque tinha dificuldades com o PJE.
Então, quem sou eu para dar uma dica para a pessoa com essa experiência? Mesmo assim incentivei ele a continuar, pois realmente a nossa geração tem muito mais facilidade com isso.
A tecnologia é necessária, como iríamos ficar para sempre com processos físicos? Não tinha jeito, mas por outro lado gera dificuldades para outras pessoas.
Então são sempre dois lados em que têm que ser analisados.
Gabriel: São dois Lados e fica aí a reflexão, ou a gente vai chorar dentro desse cenário ou então a gente vai vender lenço.
O melhor que a gente pode fazer agora é vender lenços, com certeza alguém vai sofrer. Mas vamos agora tirar o melhor desse limão e fazer ele virar uma limonada.
Victor: Uma coisa que eu queria até saber de você e comentar também com o pessoal é essa questão que a gente ouve muito, que a tecnologia da inteligência artificial promete, em um período de tempo, diminuir o número de profissionais do direito que vão ser desnecessários, isso deve gerar até uma preocupação em algumas pessoas.
Entretanto, acredito que quem é capaz vai continuar sempre se destacando. Mas como é essa realidade?
Gabriel: A gente tem alguns posts no blog da Freelaw e tem um que chama “Robô Advogado”, que trata justamente sobre isso. Será que o advogado vai ou não ser substituído.
Tem um autor também, que a gente sempre cita, o Richard Sunsskind – na verdade não sei a pronúncia correta, fala comigo por favor depois nas redes sociais.
Mas enfim, ele tem um livro que chama Tomorrow’s Lawyers, o qual é a Bíblia da inovação no Direito e tudo o que eu vou dizer agora é com base nele.
Mas ele basicamente vai trazendo vários dados, mostrando toda a evolução do direito e mostrando que quem trabalha com a atividade repetitiva está com dias contados, que a máquina realmente um dia vai tomar esse lugar, mas isso é algo muito bom porque o advogado não nasceu para fazer atividade repetitiva, mas sim para fazer atividade intelectual e estratégica.
E ele está cada vez mais na nossa visão, é uma cultura que em estúdio, pela vivência e destino de mercado, estamos cada vez mais em uma posição de ajudar as pessoas e as empresas a tomarem melhores decisões, a mitigar riscos.
Estar mais na parte estratégica, numa parte consultiva é algo que dificilmente a tecnologia vai tomar.
Quando a gente fala de tecnologia, temos muito medo de robô e da automação, mas não necessariamente a tecnologia tem que ser tão, digamos, assustador.
Às vezes, a tecnologia pode ser por meio de uma simples conexão entre pessoas, que é o que a Freelaw faz promovendo parcerias jurídicas entre advogados.
Outras tecnologias podem ajudar advogados a fazerem melhores buscas de jurisprudências e doutrinas.
Então tem várias vertentes que podem estar ajudando os advogados, que eu acho que é necessário que todo mundo entenda todas as possibilidades e julgue o que faz mais sentido para mim hoje.
Qual problema é o meu maior problema? Se for, por exemplo, as captações de clientes, talvez eu vou ter que estudar startups que vão me ajudar a captar clientes, vou ter que estudar um marketing jurídico, vou ter que estruturar um processo de marketing e um processo de vendas.
Agora, se meu problema para o problema está sendo na execução de muitas atividades repetitivas, eu trabalho com massa, acho que vou precisar automatizar e buscar soluções para automatizar a execução disso e para ontem.
Então depende muito de cada cenário.
Victor: São informações valiosas. O pessoal que tá ouvindo vai gostar também!
Gabriel: Você tem mais alguma pergunta sobre isso?
Victor: Não, eu só pensei sobre o que se falou sobre a captação de clientes, e a gente falou um pouco sobre isso. Mas é sempre bom porque as pessoas querem ouvir sobre isso.
É como eu falei, é você prestar um bom serviço ao cliente para ele fazer propaganda para você, mas assim, na advocacia você tem que estreitar laços.
Você tem que procurar conhecer pessoas, já vem desde a faculdade, igual eu estava falando sobre a relação com seus colegas e professores, que com todas as pessoas que você encontrar na sua caminhada profissional aja com cordialidade, estando numa audiência nunca tem necessidade de brigar, levantar, ou tratar com falta de respeito.
Você vai criando a sua imagem. Só lembrando que para com o cliente, você precisa conhecer a pessoa, basicamente entender as dores e mostrar que você pode ajudar ela com aquilo, a resolver o problema dela da melhor forma possível.
Então também não existe receita, é bom ressaltar isso, mas estando cientes dessas características eu acho que é um caminho que pode te ajudar.
Gabriel: Muito legal, Victor, bacana demais você compartilhar tudo de forma transparente e honesta. Informou tudo que funciona, tudo o que não funciona, compartilhou mesmo o seu dia a dia.
Acho que isso tem um valor imenso para quem está nos escutando, tenho certeza que vários advogados devem ficar pensando: “Nossa, faço a mesma coisa. Ou então, poxa que legal isso que o Victor faz”, e vão começar a aplicar amanhã.
Ou então: “Poxa eu já errei numa coisa que o Victor não errou, então vou entrar em contato com o Victor para a gente trocar experiência.”, e espero que vocês façam conexões também, eu acho que pode ser legal para todo mundo.
Bom, eu tenho mais uma pergunta que é claro muito difícil.
Victor: Pode fazer, não fez nenhuma difícil ainda (brincadeira).
Previsões e desejos para carreira na advocacia
Gabriel: Onde você quer estar daqui a cinco anos, onde vai estar o seu escritório, você vai estar trabalhando com o que, como você imagina sua rotina?
Victor: Essa pergunta é difícil mesmo, é tão difícil que até eu mesmo já me fiz ela e, sinceramente, já tentei imaginar como estarei daqui há cinco anos e acho difícil responder.
O que eu tenho pensado é o seguinte, eu moro em Itabira, gosto de Itabira e quero estar lá atuando na região, mas, por exemplo, nada impede que eu me prepare fora.
Se preparar fora é o que estou fazendo agora, estou passando uma temporada em São Paulo, a grande coisa legal da nossa profissão, Gabriel, é que a gente com um computador faz o nosso serviço, isso é o que estou fazendo para tratar dos clientes de Itabira.
Da mesma forma, mantenho a parceria com o meu sócio, João Vitor Sampaio, e a gente consegue pensar o serviço daqui.
Estou aprimorando meus conhecimentos aqui em São Paulo. Então, vendo como melhor eu posso atuar, gerando um serviço de qualidade para o pessoal lá de Itabira.
E o que eu quero dizer com isso é que você deve se preparar sempre, estar sempre preparado para continuar aprendendo. E não ficar achando que aquilo que você já sabe é o suficiente.
E aí, para isso, para daqui há cinco anos você poder ver as pessoas estarem muito satisfeitas com o seu trabalho e, tenho certeza que estarão.
Porque a primeira coisa que a gente ressalta mesmo, para todo mundo que está ouvindo, é que você tem que acreditar em você mesmo, porque ninguém vai fazer isso por você!
Eu até me defino, Gabriel, como alguém com uma autoestima moderada, ela não pode ser baixa de jeito nenhum, assim não se vive, mas também não pode ser alta demais. Também acredite em si mesmo, isso que eu procuro fazer, acredite e faça, não fique apenas acreditando também.
Gabriel: Legal Victor, uma dúvida que eu fiquei, nessa sua temporada de estar sempre se qualificando, você está buscando se qualificar do ponto de vista jurídico ou também fora do direito?
Você pensa também fazer coisas fora dos direitos ou focar mais na área jurídica? Como você vê essa questão?
Victor: Olha, eu tenho foco jurídico, sabe? Eu não penso em outras coisas.
Eu gosto muito da rádio e o máximo que eu penso fora isso é a rádio, porque eu acho realmente muito legal participar e gosto de comunicação. Agora eu penso na área jurídica sim, sempre tive o sonho de ser advogado, quero poder crescer na profissão, estou nos primeiros degraus.
Quero crescer, continuar sonhando, como todo o mundo em que acompanha a Freelaw. Sonho dentro do direito, esse é o meu objetivo.
Então, estou trabalhando no escritório aqui em São Paulo, temos parcerias, justamente por que eu sei que aqui é um serviço de alta qualidade prestado para grandes clientes. Se um dia eu quero chegar nesse nível tenho que aprender com os melhores.
Logo, tenho tentado aprender, principalmente dentro do Direito, já que ainda não tive a oportunidade de fazer cursos e aprendizados em áreas diferentes para poder prestar um excelente atendimento aos meus clientes.
Porque esse é o nosso objetivo da dentro da profissão, prestar o melhor serviço possível para quem nos procura.
Dicas e considerações finais
Gabriel: Muito legal. Victor. Obrigado por compartilhar, tenho certeza de que todo mundo está saindo daqui motivado e reflexivo.
Você tem alguma dica final, alguma indicação de livro ou palavras finais para quem está nos escutando agora?
Victor: Sim Gabriel, pensando assim, de imediato agora, o curso de oratória com o nosso colega lá, Rodrigo Moreira, não é isso?
Eu faço questão de falar porque ele realmente é muito bom para quem quer desenvolver técnicas, de fala, de oratória, é uma boa dica.
Vamos lá, um livro clássico, que é um livro simples que tive oportunidade de ler e mudou minha percepção sobre as coisas: “Como fazer amigos e influenciar pessoas” do Dale Carnegie.
Você já leu também, com certeza. Então, esse realmente é um livro muito bom, diferenciado, que eu indico para as pessoas.
Já que estamos falando sobre isso, Gabriel, muito de que a gente fala é opinião, então eu prefiro não assistir tanta Netflix e tantas séries, prefiro assistir algo que me acrescenta na área na qual atuo.
A gente vê muitos vídeos bons aí no YouTube sobre o assunto que você quiser procurar, Direito do trabalho e previdenciário, Direito tributário, societário, você vai ter bons conteúdos, tem bons Podcast, tem o da Freelaw pra acompanhar e tantos outros sobre temas de direito material específico.
Então, minha dica é essa, buscar se aprimorar, ler livros, livro de romance, passa tempo, trabalhar um pouco a sua escrita.
Mas os livros de auto desenvolvimento, e conhecimentos, são talvez melhores no lado profissional da coisa.
Então fica essa dica de quem está começando e poderia compartilhar sobre isso.
Gabriel: Legal Victor, obrigado por compartilhar todas essas dicas. Foi um prazer ter conversado com você, espero que tenha sido legal para você também e tenha gostado bastante da conversa.