Quais os impactos da COVID-19 na digitalização de documentos?
Quais ferramentas utilizar para facilitar a gestão e assinatura de documentos na advocacia?
Quais os desafios regulatórios das novas formas de pagamento, como o Whatsapp Pay? O que é sandbox regulatório?
Quais oportunidades e desafios as novas formas de pagamentos geram para os advogados e para as empresas?
Como aprender sobre o tema?
No episódio 56 do #lawyertolawyer, Gabriel Magalhães entrevista Victor Valdívia.
Victor Valdívia
- Sócio da RVF Advogados
- Formado em Direito pela Universidade Católica de Santos e Especializado em Direito empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGVLAW)
- Atuante na área do Direito Empresarial e Transportes Internacionais há mais de 4 anos, tendo participado de diversas operações de recuperação de crédito, cargo claims, operações de compra e venda de mercadoria internacional, estruturação de empresas estrangeiras no brasil e certificações de intervenientes da cadeia logística
- como operador econômico autorizado desde o projeto piloto em 2015.
- Membro Efetivo da Comissão de Direito Empresarial e Bancário da OAB Subseção Santos.
Gabriel Magalhães
É um dos fundadores da Freelaw e o Host do Lawyer to Lawyer. É bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos.
Possui formação em Coaching Executivo Organizacional, pelo Instituto Opus e Leading Group.
Formação em Mediação de Conflitos, pelo IMAB, e em Mediação Organizacional, pela Trigon e pelo Instituto Ecossocial. Certificações em Inbound Marketing, Inside Sales e Product Management pelo Hubspot, RD University, Universidade Rock Content, Gama Academy e Tera, respectivamente.
Gabriel:
Olá advogado, olá advogada, seja bem-vindo, seja bem-vinda ao episódio 56 do Laywer to Lawyer. Estou aqui com o Vitor, tenho o prazer de conhecer ele também pela Freelaw é mais uma das conexões que a gente fez por meio da internet. Isso é bem legal e faz bem parte da advocacia colaborativa. Eu te conheci foi pelo Linkedin, Vitor?
Vitor:
Não sei, mas foi bem no começo da Freelaw, quando ainda era tudo por e-mail, bem no começo. Agora não vou lembrar exatamente a data.
Gabriel:
Legal, legal. O Vitor é formado em direito pela Universidade Católica de Santos e é especializado em direito empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e também é atuante na área de direito empresarial e transportes internacionais a mais de quatro anos. Ele já participou de diversas operações de recuperação de crédito, de disputas envolvendo cargas e de várias operações de compra de mercadoria internacional e também estruturação de empresas estrangeiras no Brasil e certificações de intervenientes da cadeia logística com operador econômico autorizado do projeto piloto em 2015. Ele também é membro efetivo da comissão de direito empresarial e bancário da OAB, subseção de Santos e é sócio da RPF Advogados. Hoje a gente vai falar de documentos eletrônicos, novos meios de pagamento e como é o setor de contratos está sendo impactado por tudo isso. Essa semana especificamente, ontem, um dia antes da gravação desse episódio, a gente teve a notícia do Whastapp pay, que tá funcionando o sistema de pagamentos e vamos falar bastante sobre isso e tenho certeza que o Vitor vai agregar bastante com todos os colegas advogados e advogadas que estão nos escutando. Sejam bem-vindo, Vitor. É um prazer está te recebendo aqui depois lá daquele início lá da Freelaw é importante manter o contato.
Vitor:
O Prazer é meu Gabriel, eu que agradeço pelo convite. Imagino que posso contribuir um pouquinho para o nosso ecossistema e tô sempre disponível para conversar e justamente poder crescer junto de mais outros tantos colegas advogados. É aquela velha história, hoje em dia a única forma de você evoluir é compartilhando informação, então esse é o objetivo da gente está aqui poder compartilhar ainda um pouco mais para poder contribuir para o ecossistema.
Gabriel:
E o que você tá vendo que está tendo de diferente ai agora sobre essa aceitação dos documentos eletrônicos pelo mercado e também dos reflexos jurídicos que isso tá causando, tanto para os advogados como para população em geral e agora com essas ondas de novos meios de pagamentos, whatsapp pay, o que está mudando? Muito nesse mundo pós-covid que todo mundo fala, nesse novo normal?
Vitor:
Como a gente vê, que o principal, que o que está mudando basicamente é que o papel teoricamente está deixando de existir. Por que você não consegue entregar para outra pessoa, então principalmente nas relações o que eu venho percebendo é a utilização de plataformas online, para justamente gerir contratos, fazer as assinaturas de uma forma eletrônica com segurança. Então, Acho que o principal impacto primeiramente é a questão da digitalização e o outro ponto é que a gente percebe algumas instituições começando a aceitar os documentos eletrônicos que antes eram só entregues de forma física justamente pela pressão do Covid, do isolamento, as pessoas não conseguem ir até os lugares, então elas precisam ter uma outra forma. Então, o principal ponto que eu enxergo nesse momento é a digitalização evolução forçada de algumas pessoas e muita gente surfando na onda do crescimento de startups na questão de aberturas de novos canais de digitalização, gestão e principalmente assinatura de documentos por meio de criptografia. Eu acho que esse é o primeiro ponto que eu enxergo como digitalização de documentos e aceitação. Vale até citar, que no meu ramo de comércio internacional, a gente tá vendo alguns reflexos da própria receita federal, aceitando documentos por meio de plataforma online que antes era só feito em posto fiscal de forma física. Então, já vejo que é uma evolução forcada, talvez eles não tivessem preparados, mas com isso eles tão tendo que arrumar uma forma de aceitar e evoluir e evoluir de uma forma mais rápida.
Gabriel:
Você tem alguma indicação de plataforma sobre isso? Vocês utilizam hoje? Se você poder dar até um pouco mais de contexto do que é a realidade do seu escritório de advocacia, das pessoas, como vocês estão se preparando para essa digitalização que vocês utilizam na relação com seus clientes.
Vitor:
Claro. Bom, hoje o que a gente vem tentando utilizar é um software, a gente não é patrocinado, então só estou dando uma indicação que funcionou comigo, dentre as coisas que eu testei. O que eu uso hoje, são dois na verdade, eu uso tanto o da setsain para alguns clientes específicos que já usam essa plataforma, até para eles terem base de dados deles e um outro que uso internamente para gestão de contratos honorários, alguns contratos pontuais de clientes que não tem esse hábito é o Autentic, são duas plataformas que eu enxergo que tem uma usabilidade muito intuitiva e é bem fácil de você manejar qualquer coisa dentro da plataforma. Por que você basicamente consegue deixar campos para assinaturas específicos, você faz uma caligrafia, você escreve de forma cursiva, do jeito da sua assinatura, então fica bem próximo da realidade, são esses dois que eu uso. Em relação ao meu escritório, acho que também faz sentido dar um pouco de contexto da onde a gente surgiu. Hoje nós somos em três sócios e com uma equipe administrativa ajudando a gente, até por que a gente fundou, eu e mais essas duas pessoas, em janeiro o escritório. Antes a gente fazia parte de outras bancas, mas com o objetivo talvez de mudar um pouco o jeito de atuar, muito mais focado e atrelado a resultado a gente criou em janeiro. E para gente tá sendo bem simples, até por que todo mundo que a gente tá atendendo hoje em dia, todos os nossos clientes, eles já estão habituados com essa nova modalidade, por que a gente já nasceu um pouquinho antes da pandemia. A gente começou em janeiro, mas só de fato fundou a banca em fevereiro e logo em março já começou o covid. Então a gente meio que já nasceu nessa digitalização. A gente não está tendo dificuldade nenhum , inclusive os clientes ficam muito satisfeitos, quando a gente mostra o nosso software, a forma que a gente trabalha, que eles tem esse acompanhamento, transparência, até no acompanhamento de processos, relatórios customizados, a questão da automação deles receberem relatórios e até comunicações nossa, o dinamismo e principalmente a quartão de tá disponível quase que o tempo todo por meio de plataforma digital. A gente utiliza tanto office 365, como o teams, ou as vezes pelo google mett. Então, sendo bem sincero, a nossa adaptação tá sendo muito simples, até por que ela foi forçada de um modo ou de outro e aí a gente não está tendo nenhuma dificuldade.
Gabriel:
Eu acho que assim, os escritórios mais recentes, eles são obrigados a nascer da forma digital. Quem tem escritório a 5, 10 anos realmente a dor é maior. A gente vê muito escritório, mais consolidados que viveram desde a máquina de escrever, depois o início da digitalização de processo e agora nesse momento o maior, geralmente a dificuldade é maior. Agora, além da assinatura de documento que é uma novidade para muitas pessoas, e pode ser usado como um diferencial competitivo para que seu escritório se diferencie dos outros no mercado, a gente também está vendo novos sistemas de pagamentos surgindo no mercado, o Whatspay, como a gente já falou e outras que já são realidade a mais tempo. Como vocês estão vendo isso hoje e quais são os desafios regulatórios disso?
Vitor:
Só acrescentando que você falou na questão da migração do escritório físico para o digital. No ultimo escritório que eu trabalhei, antes de fundar o meu junto com meus sócios, a gente fez em 2016 a migração, acho que vale a pena até citar por que foi engraçado, a migração de todo o acervo físico para o digital. Então assim, foram trocentos documentos que tiveram que ser digitalizados, todo mundo tentando ajudar, por que cara é uma loucura quando você nasce em uma outra época e ter que fazer essa migração para poder acompanhar a evolução do mercado. Eu imagino que realmente para quem não nasceu, um escritório que não é nativo digital, vamos colocar assim, deve ter sido muito difícil essa adaptação pela quantidade de documentos. A gente sabe que a advocacia você lida com uma papelada sem fim. Então voltando ao que você me perguntou dos novos meios de pagamentos a questão de tecnologia. Isso é um tema que eu já venho acompanhando a algum tempo, tem pelo menos um ou dois anos que eu venho estudando bastante, porque isso é um movimento lá atrás e vale a pena até citar o conceito que a gente usa o SuperApss. Não sei se você já chegou a verificar um pouco sobre isso e são aqueles apps principalmente criados na China que eu acho que é o Ichat que foi um dos pioneiros nisso que são aqueles app que você consegue fazer tudo dentro de uma coisa só, é rede social, é banco, é meio de pagamento, é tudo. Então, eu vejo que isso é uma transição de quase todos os aplicativos que envolvem uma certa comunicação de pessoas ou redes sociais, até para simplificar. E vendo isso, o que mais me preocupa no primeiro momento é a segurança das pessoas que utilizam a plataforma, porque as vezes a gente não sabe o que tem por trás disso, se estão fazendo isso justamente para coletar dados, vender dados, quais são as politicas de privacidade e tratamento, acho que isso é uma coisa muito incerta principalmente em grandes players como o próprio facebook, que eu acho que é dono da whatsapp. E desse ponto de vista eu tenho muito medo na questão da segurança, que é uma coisa que a gente está evoluindo a cada dia e aqui no Brasil com essa incerteza da LGPD da norma quando ela entra em vigor a gente fica um pouco inseguro de como agir e o que venho sugerindo para os clientes é que não vamos esperar uma entrar em vigor, vamos já começar a nos adequar, porque se for esperar ela entrar em vigor, acho que 1 de maio do ano que vem que vai começar a valer e só agosto as penalidades, então é muito incerto a gente não sabe o que vai acontecer. Então vejo que tem esse primeiro problema da segurança e dos dados, principalmente que a gente muito fala e o segundo ponto que é a visão regulatória do banco central. Hoje, se você for ver logo que saiu essa notícia do Whasapp Pay o banco central já meio que olhou e falou olha: a gente não ta regulamentando de forma efetiva, mas a gente tá olhando e vai continuar olhando para ver se não vai ter nenhuma fraude, não vai ter nada de lavagem de dinheiro, porque a acho que esse é o principal ponto de atenção medo de evasão de divididas, lavagem de dinheiro e situação que não sejam possíveis fiscalizar e dizer que tá legal aquela operação. Então, eu vejo que do ponto de vista regulatório ainda é muito raso, a gente não tem nada e o que vai acontecer eu imagino nesse ano, o inicio do ano que vem é a abertura do Sandbox regulatório, é uma coisa que a gente estava conversando antes. A SUSEP já abriu, a CVM agora vai abrir o deles também, acredito que o Banco Central deve fazer alguma coisa em parceira junto com eles para justamente verificar e no final do ano, se não me engano em novembro entra em vigor o novo sistema de pagamento brasileiro que é o SPI – Sistema de pagamentos instantâneo e vai justamente casando com essa situação do Whatsapp Pay, que é você quer pagar a alguém digita o apelido dela, digita alguma referência e automaticamente o dinheiro está na conta da pessoa, que acho que a partir dai a gente passa a viver um marco regulatório maior, eu enxergo um pouco dessa forma.
Gabriel:
E o que é o Sandbox? Eu peço desculpas, apesar de você ter me explicado um pouco eu ainda não sei tão bem e imagino que vários dos ouvintes também talvez alguns já escutaram essa expressão e vários não.
Vitor:
O Sandbox regulatório, nada mais é do que um ambiente teste controlado. Vamos pensar que é um laboratório. Os órgãos reguladores eles falam assim: Olha eu preciso criar uma regra a respeito disso, eu preciso está junto das pessoas, só que não sei muita coisa sobre esse tema. Então o que eles estão fazendo? Eles estão abrindo ambientes de teste, eles vão fiscalizar a operação da pessoa e alguns benefícios da legislação referente aquele órgão e vão deixar as empresas atuarem, operarem naquele ambiente teste, para justamente poderem controlar os efeitos. Então, resumindo o Sandbox regulatório, nada mais é um ambiente de teste fiscalizado pelo órgão regulador daquele tema. Então, a gente vai dar um exemplo, se o Banco Central abrisse um Sandbox regulatório para a questão de pagamentos instantâneos que é o que provavelmente ele deve fazer, ele vai chamar players do mercado, abrir um edital, os players vão se candidatar, quem for aceito pelo Banco Central vai estar dentro desse ambiente teste, podendo operar normalmente como se fosse na vida real com algumas travas e enquanto isso o Banco Central olharia e falaria olha isso aqui você pode, isso você não pode, ia construir a norma junto com esse player. Em tese é isso, a gente não sabe se de fato quando for criado, quando for iniciado esse ambiente teste ele vai ser assim. Mas, o que a gente tem agora é essa esperança, até por saber que lá fora quando foi feito o Sandbox regulatório, que isso não é uma coisa usual do Brasil, isso já foi feito fora e é por isso que a CBM tá trazendo para cá, junto com Susep, Banco Central, foi de uma forma muito proveitosa para o conjunto de mercado, então imagino que seja algo nesse mesmo sentindo aqui no Brasil.
Gabriel:
Você tá vendo alguma oportunidade específica que está surgindo agora no mercado jurídico por conta dessas mudanças ou algum desafio específico?
Vitor:
Olha, o que eu vejo, é um mercado jurídico especialmente a questão de mais demanda de consultoria para empresa desses setores. Hoje a gente tem sido muito procurado a se adequarem a normas ou regulamentos para poderem participar desses ambientes. Então, eu enxergo que para o meio jurídico a gente vai ter muita demanda de consultoria para justamente adequar e ajudar as empresas, a entenderem como funciona todo esse novo formato, como ela vai poder se adequar as novas regras e quais são as maiores práticas para ela adotar. E para o advogado em si eu vejo esse novo caminho como novas oportunidades e para as empresas é basicamente abrir concorrências para quem é pequeno e está chegando agora no mercado, porque Sandbox, por mais que os grande também vão poder plantear ele abre concorrência para ideias boas que já estão atuando numa menor escalar ter visibilidade e talvez receber investimento, talvez crescer de uma vez.
Gabriel:
E para quem quer se especializar ou seguir nessa área você tem alguma indicação?
Vitor:
Olha, uma coisa que eu venho até conversando com alguns colegas é que a gente tenha um pouco de, não é que os cursos são rasos, mas acho que talvez alguns cursos eles não te dão o que você precisa na prática. Porque, querendo ou não como é um assunto muito novo, a parte de legislação você não tem muito, o que você vai estudar mais é como funciona o sistema e o setor daquela operação. Por exemplo, se é mercado financeiro você vai ter que debruçar muito mais em matérias de ordem econômica, de finanças, de como funciona a estrutura de contratos desses setor, do que de fato a legislação sobre como funciona o ponto de vista regulatório, que talvez ainda nem tenha. Então a minha recomendação seria talvez buscar alguma academia, alguma escola, alternativa que ensine um pouco mais da prática daquele setor, que ensine você como funciona uma operação de derivativos, ou pagamentos por meio de blockchain, o que é blockchain. Eu buscaria algo muito mais técnico do que jurídico, na minha visão. E um lugar que eu já fiz curso, inclusive, que eu acho que vale a pena é a Future Law em São Paulo. Não sei se você conhece, eu gostei bastante do curso que fiz lá e eu recomendo quem tem interesse dar uma olhada porque sempre tem cursos muito relacionadas a área técnica a prática em si.
Gabriel:
Bom legal. O Cristiano um dos fundadores da Future Law já foi um dos entrevistados aqui e se você não escutou recomendo que você escute e também recomendo que você escute os podcast da Future Law, que foi lançado recentemente Future Law cast, está com conteúdos bem legais e na data de gravação desse episódio eles tem três episódios já gravados com uma qualidade bem bacana e certamente eles vão enderençar esses esquemas lá em breve também né?
Vitor:
Com certeza. Até porque eles falam muito da advocacia 4.0, novos meios de pagamentos e até fiz um curso recente lá chamado Cashless e é justamente falando da evolução dos meios de pagamento, por sistema de pagamento instantâneo, explicando justamente esse transição de Cahless, de não ter o dinheiro físico, o papel-moeda, mas a gente ter muito mais transações por meio de moedas digitais, criptomoedas, essa transição de mercado. É algo bem interessante e uma área muito nova, então tem oportunidade para todo mundo. Principalmente agora por conta do covid, a demanda jurídica, eu pelo menos aqui no escritório cada dia que passa a gente tá crescendo mais a demanda até mais do que a gente tinha planejado na construção e na fundação do escritório. Eu até fico feliz de poder indicar que existe essa oportunidade nessa área e quanto mais as pessoas colaborarem uma com as outras mais a gente consegue crescer porque não tem ainda muito curso, doutrina falando sobre isso e quem se aventurar com certeza vai colher os frutos primeiro.
Gabriel:
Você começou a falar um pouquinho sobre o seu escritório e como é que está essa realidade pós-pandemia? Vocês que são um escritório bem artesanal, uma área bem especifica do direito, uma realidade bem diferente do direito do padrão do mercado. Mas, como que é a realidade desse setor de comércio internacional, quem que é o cliente de vocês, como vocês se relacionam com eles, qual que a estratégia de captação de clientes que vocês usam?
Vitor:
Hoje, nossos principais vertentes do escritório é mercado financeiro e transportes internacionais, justamente tentar para ligar essas duas pontas. E como que a gente atua? Hoje, a gente tá na construção da nossa base, questão de produção de conteúdo estamos começando agora e o que agente tem de prospecção hoje é basicamente o que a gente já tinha no passado de conversas, de pessoas que nos conheciam e entendem um pouco do trabalho e indicam para outras. Acaba sendo uma boca a boca tradicional. A gente ainda não entrou completamente nessa questão de produção de conteúdo e é uma coisa que a gente está se cobrando muito. O grande problema é que ao passo que a gente estava iniciando isso veio o isolamento então, a gente acabou evitando de ir para o escritório, de fazer reuniões e a gente transformou a nossa captação por meio de bate-papos online com clientes e por exemplo, webnarios com clientes de clientes tentando ir para o lado educacional porque o que a gente entende é que muitas vezes as pessoas não sabem o que advogado pode fazer por elas e acha que o advogado é só o cara que entra com o processo, ir falar com o juiz, mas eu entendo que hoje a profissão de advogado é muito mais de um consultor de negócios e mais atrelada a resultado. Você precisa ser o cara que ajuda seu cliente, ajuda seus parceiros a viabilizar negócios para justamente fazer ele ter o resultado esperado. Não que seja uma profissão de fim, é uma profissão de meio e isso a gente não pode negar, mas eu entendo que hoje a gente tem que está muito mais em gerar o resultado para o nosso cliente. E a gente vem tentando fazer isso de uma forma mais educacional, tentando juntar conteúdo e enviar de uma forma mais privativa e tenho muito mais conversas nos bastidores de como pode melhorar alguma parte operacional e de documentos. E acontece que eles acabam indicando a gente para outras pessoas e assim vai crescendo nossa rede. Hoje, a gente tem utilizado essa estratégia que eu acho que é bem antiga enquanto a gente ainda não consegue produzir conteúdo em massa. Eu acho que vale a pena para quem tá conhecendo a gente hoje deixar já avisa que estamos terminando de produzir 50 novos artigos para soltar tudo de uma vez no nosso blog, justamente sobre tudo que estamos falando aqui, tanto de sandbox, questões de pontos regulatórios importantes, meios de pagamentos. Então a gente está preparando para lançar tudo de uma vez até porque estamos reestruturando o site então a gente está nessa fase de migração também.
Gabriel:
E assim Vitor, eu até falei isso alguns episódios seguidos mas eu vou repetir essa pergunta mas, a gente está na maior crise da história da nossa geração e das última gerações que fala sobre isso e eu sempre estou repetindo a frase do Gustavo que foi um dos entrevistados do podcast da Freelaw e se você ainda não escutou recomendo bastante você escute, que ele disse que para ele a advocacia era um setor grande cíclico que enquanto outros setores do mercado estavam com problema a advocacia geralmente ela acaba crescendo, porque a gente ganha dinheiro para resolver problema e evitar problemas, verdade seja dita, mas ao mesmo tempo ainda estou vendo muita demanda reprimida, alguns escritórios relatam que estão crescendo bastante, outros que estão meio parado, como a demanda as vezes caindo bastante. Como você está vendo o mercado hoje, o que você acha que está em alta e em baixa e quais as suas apostas para o próximo ano, para o curto e médio prazo?
Fábio:
Olha, como hoje o nosso escritório é essencialmente mais voltado para consultoria eu vejo que a demanda reprimida talvez esteja ligada ao cliente não saber exatamente o que o advogado pode fazer por ele. Então, o que eu aposto é até algo que eu já venho praticando um pouco é que no próximo ano ou nesse ano ainda quem focar mais na educação do cliente, em atrelar a sua causa, os seus honorários em questão de resultado, em trazer valor de fato para o ciente vai está saindo na frente e também novos modelos de pagamentos. Hoje eu vejo que tem muito escritório no mercado que ainda está atrelado ao modelo de hora e talvez por conta da pandemia as pessoas não queiram deixar o cronômetro ligado, talvez elas queiram ter essa flexibilidade de conversar de atrelar outro tipo de situação para o pagamento. Não que a gente tenha que dar desconto ou fazer qualquer tipo de redução. Mas, acho que ter flexibilidade e também entender o momento. Minhas apostas são muito mais voltadas para questões de contrato, de como a gente vai conseguir fazer os clientes ganharem tempo, mitigar riscos e principalmente garantir que a transação seja feita sem perder tempo, eu falo isso mais na minha área que é transporte internacional. Então, minha aposta principal é na área de contratos porque as pessoas com a questão do covid perceberam que não tinhas contratos bons suficientes, formulados com cláusulas suficientes para segurarem o bom negócio ou até o que fazer se tivesse que reincidir um contrato. Então minha aposta com certeza vai ser para a área de consultoria e na parte de contratos. Se for na de contrato acho que varia que pode ser de qualquer área e não tem uma área específica.
Gabriel:
E sobre flexibilização, você tem alguma dica?
Fábio:
Olha, hoje aqui no escritório a gente flexibiliza bastante a questão do formato. A gente tem uma tabela interna que segue com os mínimos aceitáveis para cada tipo de produto e as vezes utilizamos como parâmetro a tabela da OAB para alguns casos específicos, mas o que eu gosto de falar é o seguinte: O que a gente está preocupado hoje é conseguir atender a demanda então dependendo do tipo de cliente eu consigo flexibilizar o formato, a questão de como a gente vai apurar o preço final sem deixar cair a qualidade técnica e principalmente a forma que você lida com isso. Porque a gente precisa cobrar o que é justo e as vezes a pessoa não consegue entender que o trabalho do advogado não é simples e as vezes, imagino que você também deva receber, ah só tenho uma dúvida, só quero saber se dá para fazer isso ou aquilo? Aí eu tenho que explicar, você que minha opinião ou você quer uma consulta jurídica em que eu vou ter que te explicar todos os riscos e tudo que você pode fazer? Então, eu acho que é muito importante fazer o cliente entender essa parte que é a composição do bem-estar do preço. Eu sempre tento agir com bastante transparência que é explicar para o cliente de como é a formação daquele preço e se eu pudesse dar uma dica seria justamente essa de ter transparência e explicar para o cliente como que você está formando aquele preço e o porque que ele é daquela forma, o que está incluso e o que não está incluso e o que está sendo agregado para talvez chegar no resultado pretendido por ele.
Gabriel:
Muito bacana! Acho que foi um episódio bem prático falando de aceitação de documentos eletrônicos, de novos documentos, fizemos também uma análise de mercado, você partilhou o que estão fazendo na prática o escritório no RPF Advogados e eu queria saber agora se você tem alguma dica final para dar aos seus colegas ou se faltou alguma pergunta que eu não fiz que você gostaria de abrir?
Vitor:
Não, eu acho que um ponto que deve acrescentar é falando mais da área de comércio internacional para quem queira conhecer um pouco mais, estudar bastante sobre blockchain e como vai funcionar a minimização de custo de transação de operação em questão de tempo, burocracia e novos métodos de pagamento. Eu acho que para quem quiser seguir essa área é o caminho e também principalmente como fazer o pagamento de frete, de mercadoria, de despesas por meio de cripto. Essa é uma tendência que vamos ver nos próximos anos, até porque recentemente saiu uma portaria da Receita Federal falando da questão de aceitação falando sobre os documentos, de alguns formulários por meio de blockchain, então já é um avanço e para quem quer entrar nessa área começar por esse lado mais moderno.
Gabriel:
Tem um episódio aqui no Lawyer to Lawyer que foi só sobre Block chain, bem legal e se você ainda não escutou recomendo que você escute. Imagino que lá no blogo do Vitor do RVF Advogados vai ter muito conteúdo sobre isso né?
Vitor:
Sim, a gente está preparando para disparar ainda esse mês esses novos artigos, até porque a gente estava alimentando um a um, e a gente reestruturou o site e a gente falou não, vamos agora concentrar tudo e lança tudo de uma vez para talvez ficar mais simples e até para a gente ganhar tempo. Porque, querendo ou não é que nem você falou, aqui no nosso escritório a demanda está aumentando muito por conta do corona vírus. E até enquanto a gente estava falando os e-mails não param de chegar aqui, principalmente por está atuando nessa área de cripto, de token, a gente está tendo muitos problemas de regulação de bancos tradicionais brigando com as corretoras e tá sendo muito difícil essa quebra de paradigmas entre o velho e o novo, ou melhor o tradicional e o novo, para não dizer que é velho.
Gabriel:
Legal! Muito obrigado pelas palavras, por compartilhar a experiencia do seu escritório, tenho certeza que vocês ainda vão crescer muito mais nos próximos anos e quem quiser conversar com o Vitor ele é super acessível, nos conhecemos pela internet já faz quase dois anos e o LinkedIn do Vitor vai está na descrição do episódio. Então converse com o Vitor, troque experiência, acho que vai ser legal advogados colaborando uns com os outros a gente consegue se fortalecer mais. Por exemplo, você não atua na área de comercio internacional, as vezes você pode buscar o escritório do Vitor para fazer parceria e aumentar o diferencial competitivo do seu escritório.
Vitor:
Com certeza! A porta sempre está aberta e o objetivo é sempre compartilhar. Acho que essa questão desse pensamento antigo de guardar a sete chaves o conhecimento isso hoje não vale mais de nada. Por que informação compartilhada é crescimento do mercado como um todo e quem for bom na área vai se destacar e não tem como, não adianta você ficar guardando disso. Hoje na minha visão isso não existe mais e não é diferencial você saber uma tese que outra pessoa não sabe. Acho que faz muito mais sentindo todo mundo conversar, compartilhar e desenvolver teses, porque o cliente no fundo ele só vai contratar quem ele confia. Então por mais que tenha outra pessoa que faça a mesma coisa que você ele vai contratar quem ele confia mais. Então, acho que essa é uma questão muito importante que eu tenho e que vale a pena deixar isso claro. E sempre que precisar de ajuda, precisar conversar estou à disposição.
Gabriel:
Obrigado, Vitor! Agradeço a todos os colegas advogados e advogadas que estão nos vendo, ouvindo, ou lendo a transcrição do episódio e é um prazer contar com vocês. Se estiverem vendo o episódio não esqueçam de deixar o like, de recomendar o podcast para outros colegas porque isso vai contribuir bastante para o nosso alcance. E se você tiver alguma sugestão para o próximo convidado ou de um próximo tema, fala com a gente nas redes sociais que vai ser um prazer te escutar e melhorar o podcast aqui ao longo do tempo também. Muito obrigado pessoal e a gente se ver em mais um Lawyer to Lawyer na próxima quarta-feira.