#6: Direito para fazer negócios c/- Paula Figueiredo

Você sabe usar o direito para fazer negócios? Você quer aprender táticas de aplicação no dia a dia do seu escritório? Paula Figueiredo ensinou no episódio #6 do Lawyer to Lawyer

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Você sabe como usar o direito para fazer negócios?

Você quer aprender táticas de aplicação da tecnologia no dia a dia do seu escritório?

No episódio de hoje, Gabriel Magalhães entrevista Paula Figueiredo.

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Paula Figueiredo

É sócia do Figueiredo.law, escritório de advocacia especializado em Direito Empresarial Consultivo com ênfase em empresas de base tecnológica, sócia do Lex 4.0, iniciativa para educação de juristas para atuação no mercado 4.0, sócia da Startup Modacad: vitrine de modelos e tecidos para confeccionistas.

Presidente e fundadora da Comissão de Direito para Startups da OAB/MG, host das 1ª e 2ª edições do Global Legal Hackathon, embaixadora na América Latina do World Legal Summit, iniciativa mundial para criação de parâmetros para legislação para tecnologia, co-fundadora e coordenadora de Eventos do Centro DTIBR (Direito, Tecnologia e Inovação).

Palestrante e professora da Pós-graduação em Direito e Tecnologia da Faculdade Arnaldo (Belo Horizonte), mentora do Founder Institute em Belo Horizonte.

Participante dos movimentos She’s Tech, Women in Blockchain e Elas in Tech dentre outras iniciativas pela maior participação de mulheres em iniciativas de negócios de tecnologia, além de equilíbrio de gênero.

Participante dos movimentos MOVEM (Movimento da Nova Economia Mineira) e Last Friday, que reúnem as principais lideranças da cena do Empreendedorismo e Inovação em Minas Gerais.

Gabriel Magalhães

É um dos fundadores da Freelaw e o Host do Lawyer to Lawyer. É bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos.

Possui formação em Coaching Executivo Organizacional, pelo Instituto Opus e Leading Group. Possui formação em Mediação de Conflitos, pelo IMAB, e em Mediação Organizacional, pela Trigon e pelo Instituto Ecossocial.

Possui certificações em Inbound Marketing, Inside Sales e Product Management pelo Hubspot, RD University, Universidade Rock Content, Gama Academy e Tera, respectivamente.

Escute o episódio em seu player de áudio favorito e leia o resumo do episódio abaixo que conta com todas as referências citadas durante a gravação.

Gabriel: Hoje estamos com uma convidada muito especial, que é a Paula Figueiredo, uma advogada que usa o direito para fazer negócios.

Continuando nessa onda de mulheres advogadas e empreendedoras, temos muito orgulho de presenciar tantas mulheres desse ecossistema sistema, estou muito feliz de receber a Paula.

Ela também é uma das grandes mentoras da Freelaw e foi muito importante para nossa história.

Paula, estou muito ansioso para essa conversa, seu currículo já diz muito sobre você, muito obrigada por tudo que você fez pela Freelaw, é um prazer ter você aqui conosco.

Paula: Oi, Gabriel, eu que agradeço pela oportunidade. Para mim é um orgulho sem tamanho bater esse papo aqui com você.

Participar ativamente de uma iniciativa da Freelaw que vi nascer e que acompanho.

Eu tenho certeza que vocês já estão mudando e vão mudar mais ainda a vida de muitos advogados e a forma como praticamos o Direito no Brasil.

Gabriel: Obrigado, Paula. Mas vamos, logo ao assunto porque temos muito o que conversar.

Como é que foi essa trajetória desde o início? Porque o Direito? Como foi desde a faculdade até hoje?

Trajetória no Direito

Paula: Bom, eu comecei no direito antes da faculdade. Eu fiz curso técnico de formação gerencial da escola do Sebrae, segundo grau técnico, aqui em Belo Horizonte.

Desde essa época, eu trabalhava com comércio exterior, e como eu trabalhava com venda de máquinas, eu percebia que sempre era necessária a intervenção de um advogado para concluir negócios maiores. Então, eu fiz Direito para fazer negócios.

Continuei atuando com comércio exterior durante a faculdade, depois fui fazer estágio em uma multinacional.

Quando me formei, eu resolvi trabalhar em escritórios porque eu sentia que faltava um trabalho mais voltado para a parte processual na minha formação.

Trilhei meu caminho em escritórios de advocacia empresarial e aprendi a parte processual, mas eu acho que a gente sempre acaba achando um jeito de puxar sardinha para o lado que temos mais tem afinidade. E o meu sempre foi o Direito consultivo.

Nessa caminhada tive a oportunidade, através desses escritórios, de trabalhar com grandes projetos e trazer investimento do exterior para o Brasil. Além de levar empresas brasileiras para o exterior.

Acompanhei as empresas não só nas demandas do dia a dia, mas principalmente na implantação de projetos.

Sendo assim, eu resolvi partir para minha iniciativa própria.

Num determinado momento eu montei Modacad, que você mencionou anteriormente. Uma startup para confeccionistas, para quem produz roupa, não é na área do Direito.

Comparecendo aos eventos de empreendedorismo, tecnologia, e inovação, as pessoas, quando descobriram que eu era advogada, sempre queriam fazer contato.

Normalmente as startups não têm acesso a assessoria jurídica, seja por questões de custo no início do projeto, seja por acharem que a intervenção de um advogado pode atrapalhar negócios.

Como esse nosso meio é muito colaborativo, quando a gente atende uma empresa, depois atende outra. Enfim, acabei me consolidando na prestação de serviços para as startups.

Quando montei o escritório, ao invés de dividi-lo por áreas do Direito, que faz mais sentido para o advogado do que para o empreendedor, eu separei a atuação do escritório em porte do cliente. Por que isso diz mais sobre que tipo de produto esse cliente consome.

Dentro dessas iniciativas, já com meu próprio escritório, num determinado momento, por atender startups, a gente tinha a intenção de fazer umas sugestões para uma consulta pública que estava aberta no Banco Central.

Mas uma coisa é fazer isso em nome próprio, outra coisa é fazer isso com uma força institucional atrás.

Nasceu daí a Comissão de Direito para Startups da OAB/MG, que foi e é um grande desafio.

Ela tem se provado, se tornou uma força e uma reunião com bastante atividade, para a gente colocar luz nesse movimento de Direito e Tecnologia que a gente vive no papel do advogado.

Em como podemos nos preparar para atender as demandas jurídicas modernas e também, incentivar tenha esse movimento interno dentro da advocacia.

Foi dentro de todo esse contexto que veio um dos eventos da Comissão que você também mencionou, o Globo Legal Hacakton e que nasceu a Freelaw.

Gabriel: Para quem não sabe como funciona o Globo Legal Hacakton. Eu não sei exatamente qual é o significado de hacakton, você sabe, Paula?

Paula: Hacakton é uma palavra que vem de “hacker”, dos hackers de inteligência de computação e vem o “ton” vem de “marathon”, de maratona.

Então, é uma maratona de programação. No caso do Globo Legal Hacakton, é uma maratona de programação para desenvolver soluções para a melhoria do acesso à justiça. Também para a melhoria do dia a dia da operação do Direito propriamente dita, seja por iniciativa privada, seja também para o poder público.

Gabriel: Eu me lembro, quando eu fui participar eu não acreditava que eu iria sair com uma empresa em três dias. Não era o plano. Eu era advogado, acho que já falei em outros podcasts.

Com muito apoio de mentores, foi possível. E no hacakton desse ano eu tive oportunidade de comparecer de novo, tiveram várias empresas legais. Tiveram empresas brasileiras que foram finalistas, uma de Manaus, não é, Paula?

Paula: Isso, e a outra de Curitiba. Ficaram entre as 12 finalistas mundiais.

Esse feito me traz muito orgulho. Entendemos que o nosso objetivo foi atingido. Porque eu penso que o protagonismo na cena de Low Tax e Legal Tax no mundo, é brasileiro.

A gente tem uma série de desafios no nosso país relacionados à nossa profissão e ao acesso à justiça.

Sabemos que o meio de inovação e tecnologia são os ingredientes perfeitos para termos um local mais fértil e criar soluções que vão liderar a forma nós vamos praticar nossa profissão no futuro. E no presente.

Direito para fazer negócios

Gabriel: Eu quero que você fale mais da Comissão de Direito para Startups.

Antes disso, para não passar despercebido, uma coisa que eu acho muito interessante da sua história é que você primeiro se tornou empreendedora, criou o seu negócio, começou realmente a conversar a linguagem do seu cliente.

Depois, naturalmente começou a se tornar advogada de startups, porque muitos empreendedores estavam te buscando.

Isso para mim foi um ponto interessante.

Estava lembrando da conversa, que tivemos com a Lorena também num dos podcasts anteriores. Onde ela fala que temos que entender a linguagem do cliente.

O quanto o empreendedorismo faz diferença hoje para você conseguir captar clientes e se relacionar com eles?

Paula: Na verdade, eu vim para o Direito para fazer negócios.

Na minha trajetória eu via uma colisão muito forte da postura de visualizar a cabeça do cliente, com a postura comum dentro dos escritórios de advocacia.

Na verdade, eu sempre entendi e agora sinto que o meio também entende, age e reage conforme; que temos que partir da solução, e não do problema que vai solucionar.

Então, o meu foco no escritório é montar os meus produtos de uma forma que seja mais palatável para o cliente, pensando nas necessidades e no que ele vai buscar no profissional. Me adapto a maneira mais maleável para me comunicar com ele.

Raramente a gente vê portfólios montados dessa forma, fato que é um feedback muito positivo que eu recebo dos clientes.

Enfim, é um conjunto de preocupações e de posturas que eu trabalho muito para atuar junto com as iniciativas da Comissão e as outras iniciativas que eu participo.

Na verdade, precisamos de advogados que consigam lidar com prática e teoria, apontando melhores caminhos e fazendo avenidas para os negócios de fato acontecerem.

Gabriel: Eu achei muito interessante essa frase que você disse sobre essa questão que você fez Direito para fazer negócios.

Isso me lembra um outro episódio que tivemos no podcast, com o Pedro Custódio. Ele mencionou que para ele, o Direito é um meio, e não um fim.

Muitos advogados acabam enxergando o Direito como um fim em si mesmo. E você claramente usa o Direito como meio para fazer negócios.

Acho que isso também tem uma relação com o fato de você ter uma experiência com consultivo.

Paula: Exato. A gente tem que adquirir essa habilidade de conhecer o objeto do nosso trabalho profundamente.

Não focar só no contorno disso, que é jurídico, a gente precisa ter uma visão mais integrada do que é o negócio, para termos uma assessoria jurídica que é construtiva e assertiva.

E sim, o direito é um instrumento para eu fazer negócios. Da mesma forma que ele é um alicerce, eu o vejo muito mais como uma figura de um trampolim para você ter base para poder crescer.

Gabriel: Obrigado por compartilhar isso. Direito como um trampolim. Vou usar essa frase.

E você hoje, é uma das maiores especialistas do Brasil no mercado jurídico de inovação e startups.

Na sua opinião, quais são os maiores erros que os advogados cometem? Como você está vendo a evolução desse mercado atualmente?

Paula: Falando primeiro da evolução do mercado, eu estou muito feliz de ver o interesse crescente pelo Direito e pela Tecnologia.

Gostaria de pontuar três coisas. A tecnologia é superimportante para nós, então o advogado precisa conhece-la para consumi-la bem.

Isso pode ser determinante para o seu sucesso pessoal e para o sucesso do escritório. Eu entendo que é um fator determinante.

A gente deve conhecer tecnologia profundamente para operá-la com os nossos clientes.

Então, não adianta uma abordagem tecnológica superficial, porque isso vai ser uma barreira para tratarmos dos interesses dos nossos clientes.

Por exemplo, a gente vê nos processos judiciais muito erro no pedido de produção de prova, na compreensão do que é que a tecnologia e nos impactos que a tecnologia causa.

Então a gente precisa disso para operar a tecnologia para os nossos clientes ou para os interesses deles.

Por fim, que é o que eu gostaria de pontuar mais uma vez, a gente está num estágio que a gente precisa dizer para tecnologia, o que é que a gente quer dela.

Eu escuto muito dos advogados nos eventos que participo, a fala de que são eles que trabalham para os sistemas, não o contrário.

Então a gente precisa nesse momento dizer para tecnologia o que a gente quer dela, é esse papel que a gente precisa incentivar entre nós advogados.

Esse é um momento muito único, que eu entendo que tem que ser conduzido por nós.

Dessa forma teremos as soluções que precisamos para operar no nosso dia a dia.

Na minha visão, o equívoco dos advogados está primeiramente na barreira que colocam na junção do Direito e Tecnologia.

É um movimento que atinge só a nossa profissão, mas todos nós, então precisa-se ultrapassar essa barreira imediatamente.

Para quem quer se preparar para prestação de serviços no mundo 4.0, precisa ter uma postura um pouco mais multidisciplinar.

Eu entendo que precisamos, no plano individual e no coletivo, buscar ferramentas de gestão, empreendedorismo e inovação, que vão melhorar a nossa postura.

Já podemos contar com muita dissolução pronta para ser usada, e estamos subutilizando-as.

Por fim, o que já falamos anteriormente, e que eu recomendo muito. Precisamos de foco no cliente.

Se pudesse enfatizar uma área mundialmente, que pode revolucionar muito a forma como trabalhamos, é ter foco no cliente.

Isso não é uma culpa dos advogados ou de uma profissão X, Y ou Z. Essa é a forma como foi feito até então. Estamos, só atualmente, no momento onde precisamos apresentar uma solução mais eficiente.

Gabriel: Quando você fala isso de foco no cliente, eu penso muito que o cliente ele está mudando.

O cliente do profissional liberal, também é o cliente que usa Netflix e Spotify, é o cliente que tem um cartão de crédito Nubank. Ele está acostumado a lidar com tecnologia.

Talvez 30, 40 anos atrás, como em geral, a prestação de serviços não era tão boa, então a barra de exigência era mais baixa.

Mas hoje, com toda essa oferta de tecnologia, ainda que fora do Direito, faz com que os clientes se tornem mais exigentes.

Quando você diz também dessa questão que o advogado deve dizer para a tecnologia o que a gente quer dela, eu também ligo muito isso a alguns conceitos da “Startup Enxuta”.

Uma metodologia que empreendedores usam, e muitas pessoas pensam “ah, eu vou usar uma tecnologia, vamos então montar um aplicativo sobre alguma coisa”. Mas talvez o primeiro momento é a gente entender qual é o problema que temos. Para depois começar a pensar na solução.

Então por exemplo, no caso da Freelaw especificamente, o problema que a gente visa resolver é a sobrecarga de trabalho.

Antes de pensar na Freelaw, a primeira coisa que a gente pensou foi se os advogados tinham sobrecarga de trabalho. Conversando com vários advogados a gente descobriu que tinha. Depois a gente começou a pensar nas possíveis soluções.

Não significa que a Freelaw é melhor ou pior, mas significa que a gente tem que seguir esse passo-a-passo para tentar buscar a melhor solução possível.

E voltando em algum dos últimos episódios que a gente conversou, talvez, o que vai resolver o problema do advogado vai ser um Excel, vai ser uma planilha que ele vai mapear quando tem que dar um retorno para o cliente.

Alimentando-a, depois ele evolui da planilha para o Soccer e talvez, posteriormente, para alguma tecnologia. Talvez essa forma gradativa pode ajudar o advogado.

Paula: Isso mesmo. Quero fazer duas considerações a respeito desses pontos que você falou.

Primeiramente, considerando as nossas atividades e o fato da solução não necessariamente estar fora de alcance, isso é uma reflexão que eu convido a fazer.

Na maioria das vezes, por exemplo, a gente quer comprar um produto pronto. Algo que já vem de uma mentalidade anterior, e não necessariamente aquele produto pronto é necessário para a sua atividade.

Na verdade, o importante é a gente considerar quem é esse time, quem é o executor, qual é o problema que ele resolve, se as ferramentas que vão ser utilizadas têm a ver com a necessidade desse time e o que é necessário para resolver esse problema.

Muito mais do que algo pronto que já tenha sido visualizado para uma massa maior. O que pode parecer contraditório.

A tecnologia sempre chega primeiro no que é mais repetitivo, e no que tem um maior número de pessoas, esse é um movimento normal da tecnologia.

Mas pela perspectiva de quem está se propondo a resolver um problema, a gente precisa ter um foco mais prático e não ao contrário.

Essa metodologia das startups é muito interessante para alterar a forma como as coisas são tramitadas hoje. É algo de muita serventia para todos os tipos de organizações, principalmente as tradicionais.

É termos um outro ângulo para olhar para o que oferecemos, a partir da validação do problema, e trazendo formas mais ágeis e menos custosas para solucioná-lo.

Ainda que em uma segunda etapa esse produto seja ampliado e adaptado, é ter em mente qual o problema que eu resolvo, e como resolvo.

E muitas vezes resolver um problema só, ao invés de querer resolver todos de uma vez.

Então são movimentos que parecem contraditórios, de massa, de problema individual, mas eles não são.

Indicações de livros

O mais legal é a gente prestar atenção nisso e usar essas ferramentas de metodologias ágeis, como você deu o exemplo da Startup Enxuta, que é um livro muito bom, eu sempre recomendo.

Existem alguns outros livros também que são interessantes para quem está querendo enveredar nessa área, seja um empreendedor, seja o advogado empreendedor, enfim, tem muita coisa.

Um outro ponto para refletirmos, enquanto advogados, é exatamente a curadoria de conteúdo.

Hoje, como você disse, nosso cliente tem acesso à informação, mas é muita informação e sem necessariamente saber qual, de fato, procede.

Desde notícias até livros, manuais, e a gente tem um papel muito importante nisso. Não necessariamente seu cliente vai virar um grande entendedor do direito, nem quer, nem pode.

Seja o furo na parede para ele, ao invés de fazer com que ele pesquise todas as furadeiras que existem por aí para poder te contratar.

Problemas atuais da advocacia

Gabriel:  Muito legal, Paula, sua experiência e esse exemplo do furo na parede, é um vídeo que é bem tradicional para os empreendedores.

Basicamente, ele questiona: será que as pessoas precisam de uma furadeira? Talvez não, talvez elas só precisam do furo na parede, no fundo.

Então a gente tem que começar a entender por trás dos problemas do cliente, as necessidades dele.

Quando a gente faz assim, conseguimos ter um foco maior no cliente, conversar mais na linguagem do cliente e realmente desenvolver soluções que vão atende-lo de uma forma melhor.

Paula, começamos a falar aqui um pouco sobre os problemas. Eu queria entender um pouquinho dessa realidade.

Quais os maiores problemas que você tem hoje na advocacia?

Eu vejo que você faz muita coisa, no próprio momento que eu comecei a ler o seu currículo eu fiquei até um pouco assustado com o tanto de coisa que você faz.

Como você consegue tempo para isso tudo?

E a maioria dos advogados que eu converso dizem a mesma coisa, “eu acho superlegal tudo isso, mas eu não tenho tempo”.

Então o que você faz e quais são os maiores problemas que você tem hoje?

Paula:  A questão de tempo realmente, é uma constante, não só para mim, mas para todos nós.

Na atualidade, é algo até que me preocupa no sentido de qualidade de vida, no sentido de que se a gente tem tecnologia, possibilidades para resolver a maior parte dos nossos problemas, porque não estamos fazendo isso hoje?

Eu acho que tanto individualmente quanto olhando como organização, tempo vai ser sempre ligado a interesse.

Então, a gente realmente consegue se organizar melhor quando uma atividade faz sentido.

Esse sentido pode ser exclusivamente pessoal, pode ser pessoal ligado ao retorno financeiro, pode ser ligado só ao retorno financeiro.

Enfim a priorização vai partir dos interesses, e a gente, de fato, precisa arrumar tempo e precisa arrumar ferramenta para poder chegar no que a gente coloca como interesse, como objetivo pessoal.

O desafio é conseguir braço para poder fazer todas as atividades que a gente se propõe a fazer, ou que a gente gostaria de fazer.

Então, para isso, eu gostaria de parabenizar muito a Freelaw, porque eu acho que a Freelaw é um grande exemplo do que eu tenho utilizado para poder concretizar meus objetivos, que é o trabalho em rede.

Acredito que isso é uma tendência mundial para a humanidade, que a gente vai ter menos relações de trabalho de uma forma tradicional, vamos ter mais relações voltadas para projetos. Por isso que eu participo de tantas iniciativas para o trabalho em rede.

Eu acredito que essa é a forma que a gente vai conseguir viabilizar a maior parte dos nossos objetivos.

Eu já trabalho dessa forma, de trazer pessoas, outros advogados e outras instituições, a depender do que é o trabalho, para poder chegar no objetivo final.

Então é o primeiro desafio é esse, ter braço para a quantidade de horas para fazermos tudo acontecer.

E o segundo desafio que a gente tem, que eu vejo muito no Brasil e na advocacia, é o gráfico do tempo e do crédito.

Quando a gente vai colocar qualquer atividade em prática, a gente precisa de um tempo para testar e de um tempo para ela andar sozinha.

E a gente sabe que a gente tem dificuldade de acesso a crédito no nosso país, então é muito difícil tirar o projeto do papel, sem ter acesso a crédito.

Grande parte do nosso trabalho hoje é promover uma maior união entre quem tem acesso a crédito, seja ele direto, seja potencial consumidor do que aquele projeto vai oferecer, com quem está com essas ideias e com essas inovações.

Eu vejo os investidores não olham para as atividades dentro da advocacia como um grande potencial de geração de lucros e de negócios, como de fato são,

Por exemplo, não conheço uma linha especializada em crédito para advogados ou para iniciativas da nossa área.

A gente conhece algumas para a inovação em geral, mas ainda precisamos trabalhar um pouco melhor o financiamento das iniciativas dentro da área do direito, que eu vejo que são bem complicadas.

Eu acho que são os dois principais problemas que me vêm em mente.

Gabriel: Os maiores problemas que você apontou foram a falta de tempo, que todo mundo traz isso, e não só no direito.

Eu acho que no século XXI, que todo mundo tem celular, estamos ligados 24 horas. Todo mundo traz essa questão do tempo.

E o segundo, que você trouxe é a respeito do crédito, como trazer mais acesso a crédito tanto para o escritório do advogado quanto para empresas com base em tecnologia.

E hoje, no seu escritório, onde vocês se veem daqui 5 anos?

Aliás, não só no escritório, na sua vida, tem muitos outros projetos além também.

Onde vai estar a Paula daqui 5 anos? Quais são os seus maiores objetivos?

Como você acha que vai estar o mercado também daqui 5 anos?

Paula: Eu acredito que vai ser algo muito bacana de escutar daqui 5 anos, uma reflexão que eu levo comigo: “Enquanto a gente tiver querendo controlar resultado, vamos ter algumas decepções com esse mundo que muda tão rápido.”

Então, eu acredito que a gente deve focar em abrir essas avenidas, em abrir esses negócios.

Daqui a 5 anos, eu idealmente, gostaria de estar com vários produtos já lançados dentro da advocacia, trazendo novidades na forma de trabalharmos.

Gostaria também, de estar acompanhando vários clientes que hoje estão iniciando, e vou estar com eles num momento futuro. E vejo que a gente vai ter instituições e relações muito diferentes.

Então eu acredito que da próxima vez que a gente for conversar vão ser grupos de pessoas em volta de produtos e contar como que a gente trabalhou nesses produtos nos 5 anos que passaram.

Gabriel: E você tem alguma dica de livro ou ferramenta, para algum advogado que está começando a inovar?

Principalmente os advogados de escritório pequeno, que estão muitas vezes presos naquela rotina do dia a dia.

Muitas pessoas acham relevante o conteúdo que a gente traz, a questão da inovação, da tecnologia, mas não sabem como levar isso para a realidade.

O que você tem de conselho para essas pessoas?

Paula: O principal conselho que gostaria de dar para as pessoas é: enxergarem os livros, cursos e palestras como indicadores e ferramentas.

Porque o que me preocupa hoje, é como agir em relação a toda essa mudança, nas profissões e nas relações.

A gente vê uma hype de muitas iniciativas que falam o que fazer, mas não falam o como fazer.

Então o que eu aconselharia para os advogados que prestem atenção em ferramentas de inovação e de gestão. Da forma que for mais possível.

Existe muito curso online de qualidade, ou se você prefere ler livros, aposte nos livros de inovação e tecnologia.

Leia sobre futurismo, não leia só sobre a questão das startups pura e simples, mas leia sobre a metodologia das startups e metodologias ágeis. Veja tudo como ferramenta.

A gente acaba vendo muita ilusão de ser o próximo Bill Gates. Isso tudo é muito bom para vender livros ou para vender cursos, mas a gente tem que ver o que é mais real.

E pensando nisso, todas as nossas iniciativas estão voltadas para trazer as ferramentas que já existem para os advogados: ferramentas públicas, gratuitas e metodologias. Para ter um acesso como uma curadoria interessante para isso.

Como você mencionou, o Lex 4.0 é uma resposta a isso, é um curso em que a gente vai trazer ferramentas de metodologias ágeis, vamos trazer tecnologias, vamos trazer as metodologias que estão revolucionando os negócios no mundo. E também como o advogado pode aplicar isso no dia a dia.

Não se classifique como pequeno demais. Se pensa assim esteja mais atento ainda, e não tenha a pretensão.

As pessoas tendem a ter uma postura julgando ser necessário se preparar antes para aplicar qualquer coisa, isso não é uma realidade.

Hoje, tudo muda tão rápido, que conta muito mais com a sua ação, seu interesse e sua participação em comunidades, do que virar PHD em algum assunto de inovação empreendedorismo. Antes de tomar suas próprias iniciativas.

É possível revolucionar sua vida dentro de uma estrutura tradicional e é possível propor sua própria estrutura. Só que isso realmente vai ter que partir de nós.

Tem uma metáfora muito bonita que eu ouvi numa palestra, da primeira astronauta negra da Nasa, que me emocionou demais.

“Quando estamos na frente em uma maratona, levamos muito vento na cara e não tem ninguém ao lado para que possamos olhar.”

Precisamos manter o pensamento de que estamos em um momento de poucas referências externas. Mas isso também, torna o momento bom, porque a gente pode criar oportunidades que ainda não existem.

Isso vai depender de nós. É uma mudança de postura pessoal.

Gabriel: Muito legal o recado. Obrigado.

Agradeço em nome de todos os ouvintes, principalmente também essa reflexão final.

Eu tenho uma última pergunta e também queria saber se você tem recados finais para dar para os advogados que estão nos escutando.

Mas queria que você falasse também para aquele advogado que está um grande escritório conservador, mas que não é o tomador de decisão.

Você que já teve experiência em grandes escritórios. O que você acha que esse advogado pode fazer?

Acha que ele consegue trazer inovação para escritório mesmo assim? Qual o seu conselho para essas pessoas?

Paula: Esse advogado pode ser um empreendedor interno, e realmente, a missão de mudar o mindset dos gestores que ainda não estejam preparados ou abertos para esse tipo de mudança de postura é muito complicado.

Por isso que a gente tenta fazer isso de uma forma institucional. Tentando quebrar um pouco essas barreiras.

Até a estrutura dos escritórios é montada para que as decisões venham dos gestores para baixo, e não o contrário.

Essa pessoa pode, com ferramentas, melhorar o próprio trabalho, mas, principalmente abrir a cabeça para saber que existem outras instituições, outros locais, em que ela possa estar ou contribuir, não necessariamente falando de mudar de emprego.

Estou falando de participar das nossas comunidades de Direito e tecnologia, para entender como envolver as pessoas num ambiente em que a inovação ainda não é dor.

Às vezes a gente tem uma cura para uma dor que a gente sabe que a pessoa tem, mas enquanto ela não tiver consciência dessa dor, ela não vai ver nenhum valor na cura que você está ali prestando.

Então, conecte-se para entender como a gente faz isso institucionalmente, porque alguns movimentos são mais complicados de fazer internamente.

A gente tem que ser realista com relação a isso, até porque se você precisa falar a língua do seu cliente para atender melhor, você também precisa falar a língua de seu cliente interno para você conseguir se correlacionar com ele.

Capacite-se! Porque para crescer em uma estrutura que já tem certo engessamento, o que você tiver de diferencial vai ser determinante no seu crescimento.

Então mesmo que a sua instituição não esteja aberta e não provenha isso, é algo que eu acho fundamental para o advogado que está dentro de escritórios, buscar isso individualmente e não deixar o barco correr da forma como ele corre naturalmente. Porque a gente sabe que ele é um funil.

Para realmente ter condições de sobressair, acredito que pode ser feito através da educação e da participação nos movimentos de grupo que a gente faz.

Para o advogado que está começando o escritório dele, é o que eu digo, a gente tem um grande aliado na tecnologia, que eu acredito que é o nosso maior aliado para poder entrar no mercado que já é saturado de profissionais e já vive numa lógica de concentração muito grande.

A tecnologia permite que a gente chegue mais rápido nos lugares e nas pessoas, ou com intermediários.

A tecnologia permite que você se comunique diretamente melhor com o seu cliente.

A tecnologia não necessariamente está fora do seu alcance.

Existe uma lei, não sei se vocês já comentaram isso em outro podcast, chamada Lei de Moore. Ela está se provando por enquanto real, apesar de ser da metade do século passado

Essa lei diz que a cada dois anos a gente dobra a nossa capacidade tecnológica de processamento, e a tecnologia cai pela metade do preço.

Então existem ferramentas para utilizar hoje que permitem que um advogado que está iniciando seu escritório possa ter uma amplitude e chegar a um número maior de clientes de uma forma que não existia antes.

Então, preste muita atenção, vá atrás dessas ferramentas.

Acho que vocês já devem ter tido a oportunidade de passar algumas dessas ferramentas para os advogados.

Mas comunique-se, se tem uma coisa que os advogados são bons é de fala. Chegue nas pessoas.

Nós temos um problema sério de acesso à justiça nesse país, o que mais tem é cliente, então, a gente precisa melhorar um pouco a nossa chegada.

Gabriel: Muito legal, Paula. Queria muito agradecer de novo pelo seu depoimento.

Foi muito legal ouvir suas experiências compartilhadas com os colegas advogados e advogadas.

Aprendi muito com você.

Então agradeço novamente, em nome de toda a equipe da Freelaw, por tudo que você já fez pela nossa empresa, desde o Globo Legal Hacakton.

Tenho certeza que iniciativas como essa vão apoiar novos advogados para empreenderem no direito, abrindo a própria empresa ou empreendendo na advocacia mesmo.

Tenho certeza também que em breve você vai ter mais e mais pessoas seguindo seus passos.

Eu sigo muito de perto, sempre que possível, porque eu sei que de você sempre vêm coisas boas.

Queria saber se você tem alguns recados finais.

Paula: Queria dizer para os advogados acompanharem a Comissão de Direitos para Startups no LinkedIn, no Instagram e no Facebook. La, vocês têm todas as notícias quentinhas dos nossos próximos eventos.

Conectem-se com a gente, todos os nossos eventos, por exemplo, as nossas reuniões mensais são transmitidas pela nossa página no Facebook.

Lá vocês podem inclusive mandar perguntas, e é aberto a todos.

Podem ser juristas ou podem ser pessoas que têm interesse pela temática de Direito e tecnologia.

Fiquem ligados, conectem-se com a gente. Esse movimento que a gente faz está ganhando o mundo, façam parte dele. Vem com a gente!

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