Você quer saber como profissionalizar Escritório de Advocacia?
Quer aprender formas de otimizar seu tempo?
Quer aumentar exponencialmente o rendimento do seu escritório?
No episódio #14 do Laywer to Laywer, o podcast da Freelaw , Gabriel Magalhães entrevista Ricardo Oliveira.
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Ricardo Oliveira
É sócio fundador da Trilha Gestão Jurídica, onde ele atua também como consultor, é sócio e Diretor Comercial na Perroni Consultoria.
Ele iniciou sua atuação jurídica no mercado corporativo em 1999, e já ocupou diversos cargos, inclusive de head jurídico.
Já foi sócio de escritórios de advocacia especializados em contencioso de escala e também em contencioso e consultivo estratégico.
Hoje, tem um destaque grande, no desenvolvimento da carreira de profissionais da área jurídica.
O Ricardo tem experiência na estruturação de departamentos jurídicos internos e também sabe muito bem como implementar processos gerenciais.
Ele se graduou em Direito em 2001 pela PUC Minas, é especialista em Direito da Economia da Empresa em 2004 pela FGV de Minas Gerais.
Além disso, ele também é membro da Sociedade Latino Americana de Coaching.
Gabriel Magalhães
É um dos fundadores da Freelaw e o Host do Lawyer to Lawyer. É bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos.
Possui formação em Coaching Executivo Organizacional, pelo Instituto Opus e Leading Group.
Formação em Mediação de Conflitos, pelo IMAB, e em Mediação Organizacional, pela Trigon e pelo Instituto Ecossocial. Certificações em Inbound Marketing, Inside Sales e Product Management pelo Hubspot, RD University, Universidade Rock Content, Gama Academy e Tera, respectivamente.
Escute o episódio em seu player de áudio favorito e leia o resumo do episódio abaixo que conta com todas as referências citadas durante a gravação.
Gabriel: Hoje estou com uma pessoa muito importante para o sistema mineiro do mercado jurídico, o Ricardo.
Ele é um amigo, uma das pessoas que eu mais admiro atualmente, me espelho muito nele.
Ricardo: Gabriel, Obrigado. Cumprimento a todos que estão nos ouvindo também, os advogados e advogadas.
Obrigado pela oportunidade de falar um pouquinho da minha vida profissional, falar um pouquinho do mercado, e muito obrigado pelas palavras.
Peço que todos desconsiderem os exageros pela amizade, mas os desafios são muitos. Espero que a gente consiga contribuir um pouquinho mais pro mercado melhorar e evoluir.
Gabriel: O Ricardo tem muita experiência. Começou como advogado, depois ele foi pro outro lado. Então foi se tornar consultor. Hoje ele auxilia advogados.
Conta um pouquinho da sua trajetória. Como que foi essa migração, essa mudança na sua carreira?
Porque você fez isso?
Ricardo: Na verdade eu atuei na advocacia durante muitos anos.
Eu posso dizer que de 1999, como estagiário, até 2016, eu efetivamente estava no âmbito jurídico, atuando em jurídico interno e também em escritório de advocacia.
Mas uma grande parte desse período, eu digo que eu sempre fui muito mais gestor do que advogado efetivamente.
Eu sempre tive uma atuação muito mais focada na gestão de equipes, no trabalho direcionado para os resultados, de questões de jurídico interno pessoa jurídica interna, que foi o maior período.
Então, sempre gostei muito disso. Tenho um direcionamento do meu trabalho para isso.
Fiquei um período maior, durante quase 15 anos, trabalhando com o jurídico corporativo. Comecei como estagiário, cheguei ao cargo de principal executivo jurídico uma empresa do segmento financeiro, mas sempre muito focado nessa parte de gestão.
Então, no final de 2016, que foi minha última experiência na advocacia, na prática de advocacia.
Digamos assim, quando eu saí do último escritório, em que fui sócio, me despertou esse desejo de me dedicar exclusivamente à gestão.
Eu também sempre gostei muito da parte pessoas, inclusive fiz uma formação, e coaching também, para me desenvolver essa área.
Então, fiz essa mudança de foco de atuação, trabalhando exclusivamente com projetos de gestão mais direcionado para o segmento jurídico.
Vi essa oportunidade também de mercado, é um mercado que tem muita demanda para esse tipo de consultoria.
Tem uma necessidade de suporte nesses aspectos. E é um trabalho que eu amo, que eu gosto demais de fazer e por isso realmente fiz essa transição profissional no final de 2016.
Como profissionalizar escritório de advocacia
Gabriel: É você contar isso, porque a maior parte dos advogados que a gente entrevistou, até então, são muito focados no operacional, na própria execução do dia a dia jurídico. Principalmente advogados de escritórios pequenos, porque não tem quem gerir.
Como você acha que um escritório pequeno, pode começar a aplicar essas técnicas de gestão no dia a dia?
Ricardo: Sim, é possível. A gente vê isso acontecendo.
Acho que uma coisa que é muito importante, na verdade, é o planejamento, a estratégia.
Você tem que ter os seus objetivos definidos, quais metas você quer alcançar com o seu negócio, no caso com seu escritório, e estabelecer ações para que tenha êxito naquilo que você quer alcançar;
Com isso você vai identificar algumas ações a serem implementadas na sua rotina, e algumas delas podem melhorar o seu processo interno.
Para que você tenha mais tempo, e eventualmente esse tempo vai ser gasto com coisas que você pode delegar, excluir da sua rotina.
Isso faz com que você consiga otimizar o seu tempo, direcionar a sua energia, para o que efetivamente demande a sua atuação.
As questões mais estratégicas, o operacional também mais relacionado a pontos relevantes, o atendimento do cliente, relacionamento comercial, o que hoje, na advocacia é um ponto extremamente crítico e muito importante.
O mercado mudou, os clientes mudaram, a própria gestão financeira tem uma atuação pouco mais estratégica. Não fique mergulhado em questões muito operacionais.
Então, o planejamento, organização interna e bons procedimentos são fundamentais, e ótimo se você conseguir ainda trabalhar com a tecnologia associada a isso. Com isso, você terá um escritório muito mais profissional.
Gabriel: Legal, isso trouxe muita informação valiosa.
Você disse que às vezes pode ser interessante pensar em planejamento, estratégia, estabelecer ações, em plano de ações, melhorar processos internos, eventualmente pode ser uma possibilidade de otimizar o tempo e a energia também de todos.
Buscar melhorar o atendimento ao cliente, criar mais relacionamentos, talvez também buscar e melhorias nas questões financeiras e também na organização interna.
E, Ricardo, pela sua experiência, quais são os maiores problemas dos escritórios na sua visão?
O que está todo mundo errando?
O que você que poderiam fazer diferente?
Produtividade x Qualidade
Ricardo: Na verdade, eu tive algumas questões muito recorrentes na gestão dos escritórios de advocacia.
Eu não chamo de problemas, talvez sejam realmente desafios que podem ter nascido pelas mudanças de mercado mesmo, como a gente falou.
O mundo mudou e passou por algumas crises, e hoje você tem uma visão muito mais direcionada para orçamento, para a economia e para resultados financeiros.
A própria geração vai mudando, e os anseios, os desejos, e o conceito de sucesso também.
Então, alguns pontos que eu acho que hoje são críticos, que as pessoas tem que focar, se dedicar para isso, é a gestão de pessoas. É um dos pontos que realmente é um desafio grande.
Os escritórios tem que entender como valorizar, entregar valor para os profissionais que fazem parte da sua estrutura hoje. A parte de produtividade X qualidade.
Equalizar isso é um desafio muito grande, mas tem exigido cada vez mais que você produza com qualidade e alta performance. O que também é um grande desafio hoje para os escritórios é a profissionalização da gestão como um todo.
Então para você mudar o patamar de um negócio, de advogado autônomo para uma empresa, em que você trabalhe com uma gestão financeira afiada, com bons indicadores, você realmente tem a condição de gerar resultados com esse viés.
E também a parte de relacionamento com o cliente, eu acho que o escritório vem de uma fidelização, que era o critério que você tinha no passado, de um relacionamento muito com base na confiança.
Hoje, isso ainda é importante. O advogado é um papel, um profissional, uma relação que se baseia em confiança. Mas a questão de tratar como cliente, que você realmente tem que dar um retorno constante, tem que ter um padrão de qualidade de atendimento, tem que ter um processo de manutenção do relacionamento com o cliente.
Isso é ainda mais importante hoje, trabalhar com dados, mostrar para o seu cliente os resultados que você produz, os resultados que você consegue entregar para ele, principalmente resultados financeiros são um grande o foco do mercado.
Então esses são alguns dos principais desafios que eu acho que os advogados enfrentam hoje para profissionalizar escritório de advocacia.
Conflito de Gerações
Gabriel: Então, pelo que Ricardo nos contou os maiores desafios assim, segundo ele, que escritórios vivenciam, e a gente já escutou aqui, coincidentemente, em alguns episódios, quase todos esses desafios.
Na verdade, quase todos a gente já escutou algum advogado dizendo, principalmente sobre problemas de conflitos de gerações, e é um problema que eu vivenciei quando eu trabalhei em escritórios.
Eu acho que eu já te contei essa história Ricardo, porque a gente, essa geração Y, como eu sou mais novo do que os sócios da maioria dos escritórios, muitas vezes a gente é um pouco incompreendido.
A gente quer fazer as coisas, tem muita vontade, tem muito propósito, mas se a gente ficar muito encaixado em uma caixa e não vão sair os resultados tão bons quantos sócios esperam, porque acaba que aumenta a rotatividade profissional. Se a gente não tem esse mesmo propósito, fica difícil estar alinhado.
Ricardo: Sim. Hoje a gente vê reclamações dos dois lados. Digamos assim, as dificuldades são recíprocas. Tanto as pessoas, principalmente alguns dos sócios de outras gerações, quanto os gestores e as pessoas mais jovens que vêm chegando no mercado com uma certa dificuldade de equalizar as suas diferenças e tratar de forma adequada.
Esse relacionamento, quando, na verdade, deveriam fazer com que as coisas se somassem. Você tem como fazer isso ser uma coisa positiva. Tem alguns perfis decorrentes das gerações diferentes que trazem ganhos diversos para as organizações se isso for bem aproveitado.
Tem qualidades que o profissional de uma geração mais nova vai ter que o profissional de uma geração pouco mais anterior talvez vai ter mais dificuldade desenvolver.
Então, isso acho que é o grande segredo para se trabalhar bem esse, que eu não gosto de chamar de conflito de gerações, mas que é uma coisa que impacta realmente muito hoje no mercado como um todo, mas também no mercado jurídico, que pode ser transformado num ganho.
Agora, tem que se realmente trabalhar bem, entender, dar essa oportunidade para que os profissionais mais jovens tenham boas responsabilidades.
Responsabilidades maiores dentro dos escritórios, participarem das decisões, trazerem suas sugestões, serem ouvidos, assumam posições relevantes lá dentro; na medida em que eles vão mostrando que realmente merecem que estão dispostos a assumir um papel de relevância dentro do escritório.
Gabriel: Legal, Ricardo. E esse é um assunto que, como eu disse, já vivenciei, já tem alguns artigos. Inclusive já escrevi alguns artigos sobre o tema para o blog da Freelaw.
O que a gente vê é que muitas vezes o escritório tem sócios que são excelentes juristas, mas são maus gestores.
E aí está o outro desafio que o Ricardo disse, que é a dificuldade de gestão de pessoas. Esses sócios algumas vezes estão ali com um estagiário, com um advogado júnior, que é excelente em mídias sociais.
Às vezes, se os sócios dessem mais liberdade, esse advogado, poderia começar a fazer iniciativas de marketing para escritório, porque ele tem mais tato com isso.
Então, bem nessa linha de complementar. Eu acredito muito nisso, não sei se você vê algo disso na prática, de utilizar, por exemplo, o advogado júnior. para captações clientes ou para buscar a inovação para o escritório. Acho que isso sempre pode ser válido.
Ricardo: Com certeza, a gente vê alguns escritórios com um movimento principalmente relacionado ao campo da inovação.
Você vê hoje em escritórios grandes, bem estruturados, que profissionais jovens têm principalmente nesse campo de Direito relacionado à inovação, tecnologia, startups, que os profissionais mais jovens têm conseguido se destacar e conseguir um papel importante dentro da estrutura da organização.
E é justamente isso, acho que o segredo está aí, é você realmente extrair o melhor de cada profissional de acordo com as suas qualidades, suas competências, sejam as técnicas, as comportamentais.
Isso cada vez vai ser mais exigido, uma outra questão que está relacionada às novas gerações e às novas demandas do mercado, que é o profissional que não pode estar 100% focado na questão técnica.
Você exige outras habilidades, principalmente as habilidades comportamentais, que estão relacionadas a outros aspectos e que muitas vezes não são valorizadas ou exploradas de forma adequada.
Então, como você disse, como você já vivenciou isso também, e você é um advogado que tem essa visão principalmente da parte de marketing, a gente vê como você é um cara que conhece, estuda e desenvolve bons projetos nessa área, isso tem que ser aproveitado dentro do escritório, para profissionalizar mais o escritório de advocacia.
Certamente tem muitos profissionais que ficam tolhidos, porque não tem as oportunidades oferecidas. Às vezes muito pela desconfiança da pouca idade ou no perfil que não é aquele perfil tradicional de advocacia.
Gabriel: Exatamente. O que eu vejo, por exemplo, se eu estivesse trabalhando num escritório, como esses escritórios grandes, eu estaria lá na base da pirâmide, sem nenhuma liberdade para fazer nada. Dificilmente eu conseguiria implementar estratégias de captação de clientes, etc, a não ser que os sócios me dessem abertura.
Então, de um lado, tem algumas pessoas que podem agregar bastante, mais do que fazer petição, fazer o dia a dia de cumprir aquelas atividades burocráticas e fazer peças. Acredito muito nisso.
Nós vivenciamos isso hoje na Freelaw, muitas vezes quem nos procura assim “ah, eu quero implementar a Freelaw no meu escritório, como eu faço?”
Às vezes é um advogado júnior, que quer que a gente converse com o sócio do escritório.
Então a gente está começando a ver esse movimento de cada vez mais abertura, e os escritórios que estão efetivamente fazendo isso, estão se destacando.
Ricardo: Sim. Isso é uma coisa que a gente trabalha em alguns projetos também. Principalmente quando estamos trabalhando na Trilha, os processos de planejamento estratégico, identificamos muito uma demanda, na parte de pessoas.
Dentro das perspectivas de gestão, justamente buscar esse engajamento, esse alinhamento, e que, muitas vezes está relacionada essa diferença de gerações.
Notamos que é necessário criar essas oportunidades, primeiro de integração, em que você, o sócio do escritório ou o gerente, vai poder ter uma relação mais próxima com o estagiário, o advogado júnior.
Numa reunião, que seja, num grupo de estudos, um momento de compartilhamento fora da rotina do dia a dia, operacional. Isso vai viabilizar que você note uma competência diferenciada, que aquela pessoa tem um potencial criativo para criar soluções inovadoras dentro da própria estrutura do escritório.
Então, criar esse engajamento, essa integração entre as pessoas de todos os níveis dentro do escritório.
Dar oportunidade para o estagiário trazer uma ideia numa questão que normalmente não seria chamado a falar. Isso hoje é uma premissa, é colocada dentro dos programas estratégicos que tem trazido um grande ganho para os escritórios.
Hoje na Perroni, estamos muito focados nessa parte de gestão de pessoas. Nós somos uma empresa de RH, de seleção, de treinamentos, então a gente está muito focado nisso também, em transformar esses relacionamentos entre pessoas no mercado jurídico, em escritório de advocacia, em departamentos jurídicos.
Como a gente sempre fala, a advocacia, mais do que qualquer outro negócio, é negócio de pessoas.
Você é atendido por pessoas, você vende hora de pessoas, entrega um relacionamento entre advogado e cliente.
Então mais importantes do que em qualquer outro negócio, as pessoas têm que ser cada vez mais valorizadas e reconhecidas dentro do mercado jurídico.
Consequências da má gestão de pessoas
Gabriel: E no fundo, Ricardo, quando eu leio todos os desafios que você listou, todos são ligados a pessoas e à gestão, não tem jeito.
Então o conflito de geração, falta de alinhamento, gestão de pessoas, o próprio nome já diz.
A dificuldade de gerir as pessoas, o desafio de maximizar a produtividade e manter a qualidade nos serviços também, porque talvez não têm processos claros na execução de serviços, a profissionalização do negócio, que é o reflexo da má gestão.
A dificuldade de relacionamento com clientes, por vezes reclamação de clientes também, provavelmente por falta de procedimentos corretos, de uma boa gestão, então tudo se resume a isso.
Acho que quem não domina isso, não adianta ficar buscando tecnologia, inovação, blockchain, inteligência artificial, automação, se não tem esse básico.
Eu gosto muito de falar, eu acho que eu até disse isso em outro episódio, eu vejo muito advogado hoje com essa onda de inovação, querendo buscar alguém para fazer o design de interior antes de ter a base da pirâmide, antes de buscar um pedreiro, antes de buscar um engenheiro.
Ricardo: Exato. Eu também, a gente fala muito disso. Escrevi alguns artigos, não com o brilhantismo e a frequência que vocês da Freelaw fazem, mas sempre buscamos abordar esses temas aqui também, na Trilha principalmente, onde eu não trabalho mais alguns anos, e falamos nos eventos também.
O Encontro Legal, que é um evento que a gente faz, você até já nos prestigiou falando sobre marketing também.
Dessa importância realmente de olhar para o escritório, estrutura-lo bem, antes de pensar em soluções, que são talvez milagrosas para muitas pessoas, mas que muitas vezes não vão resolver o seu problema.
Então primeiro você tem que olhar para dentro, “arrumar a casa” como a gente fala, organizar seus processos, entender onde estão seus gargalos, seus gaps e, muitas vezes, uma consultoria como a nossa vai ajudar também, caso você não consiga estruturar isso internamente.
Para depois sim, com tudo organizado, entendendo onde a tecnologia vai trazer ganhos, você consiga implementar boas ferramentas e aí sim elas vão potencializar a sua performance.
Mas não adianta nada você colocar um robô dentro de uma estrutura desorganizada, por exemplo, ele não vai conseguir entregar o que se propõe a fazer, e aí você vai ficar frustrado.
Nós falamos que é como comprar uma Ferrari para ficar parada na garagem. Você não vai conseguir extrair resultados de um investimento alto que você faz.
Gabriel: É o caso muitas vezes de uso de software de gestão. Geralmente eles têm tudo, mas grande parte das vezes escritórios não usam quase nada do que o software oferece.
E aí acabam se questionando “será que precisava de contratar o software?” Às vezes precisava sim, mas faltaram processos internos mais bem definidos, um olhar mais atento à gestão, que resolveria até de uma forma mais barata do que o software.
Ricardo: Sim, isso é muito comum. A gente vê que a grande maioria dos escritórios que têm softwares de gestão, subutiliza-os.
Nos escritórios, normalmente, que trabalham com volume, com a chamada massa, contencioso em escala, normalmente tem um nível maior de utilização de ferramentas tecnológicas.
Mas os escritórios de advocacia mais estratégicos, chamados boutique, têm realmente um baixo nível de utilização na sua grande maioria.
Isso é fundamental, eu acho que é importante, traz muitos ganhos, é uma coisa quase que essencial hoje para a advocacia, mas ele tem que ter uma base estruturada para funcionar, para rodar bem.
Ele tem que ser utilizado, mesmo que você tenha bons processos, não adianta nada as pessoas não entenderem a relevância daquilo e você não tiver uma aderência também das pessoas. Voltamos para as pessoas com relação à utilização da ferramenta.
Gabriel: Muito muito legal, Ricardo, obrigada compartilhar isso.
Eu estou te escutando assim, e estou pensando muito no advogado que está nos escutando. Estou pensando em alguns perfis, de alguns advogados que eu até conheço, que estão nos escutando.
Eu queria que você pensasse em alguma dica prática que você pudesse dar para esses advogados.
O primeiro advogado é aquele que acabou de abrir o escritório, o que ele faz para profissionalizar o negócio dele?
O que você acha que ele poderia fazer na prática?
Ele não tem dinheiro para nada, não sabe nem se contrata, se aluga uma sala, se não aluga, se faz cartão de visita, tem aquela dificuldade de captação de clientes, não sabe direito o que fazer.
O que você acha que esse advogado pode fazer?
Ricardo: Eu acho que, seja para o pequeno, que está começando, seja para o grande, estruturado, são dois principais pilares que eu acho que são importantes e essenciais.
Realmente, o planejamento estratégico, seja você definir objetivos claros, qual é o seu foco de atuação, onde você quer chegar com seu negócio, com seu escritório, que é o que chamam de revisão, o que você quer entregar valor para seus clientes, a missão, enfim.
Tecer objetivos claros, pensar no que você vai ter diferencial com relação ao mercado, qual o seu público alvo, como você vai realmente se destacar para esse público ou entregar um bom resultado para esse público, o que você tem que fazer para alcançar esses objetivos e medir seus resultados.
Avaliar se você está conseguindo alcançar as metas que você estabeleceu, se você precisa fazer algum ajuste, ter uma manutenção de todo esse processo de planejamento que você criou.
E também uma gestão financeira, o básico, de você entender os resultados financeiros do escritório, medir, entender seus custos, suas receitas, separar o dinheiro da pessoa física da pessoa jurídica do escritório, é uma coisa muito importante. Para você ter uma visão real do resultado do seu escritório.
Muitas vezes, a pessoa não consegue ver realmente o resultado efetivo, usa o dinheiro do escritório para as contas pessoais, então entenda o resultado financeiro real.
Fazer uma estruturação de gestão financeira básica é muito importante, mesmo numa planilha. Se você tem mais de uma área no escritório, separe por áreas esses resultados. O que cada área está dando de resultado, o tempo que você está se dedicando para cada uma dessas áreas, fazer um acompanhamento de horas dedicadas, um lançamento de horas.
É importante para você ter uma visão real do que você está se dedicando, se tudo que você está fazendo com seu negócio está conseguindo mostrar valor e alcançar os resultados esperados.
Gabriel: Muito legal. O Ricardo compartilhou coisas bem valiosas aqui para você que está escutando.
Saber olhar os resultados, é algo bastante relevante.
Mais algum ponto que você queria complementar sobre essa questão?
Ricardo: Não. Acho que para quem está começando, essas são as principais questões que têm que ser observadas com bastante cuidado.
Eu acho que a questão técnica, que gente aprende na faculdade, se dedica e evoluiu nos estágios, mas para quem quer empreender, ter uma percepção dessas duas questões, da estratégia de negócio, seja um plano de negócios.
Quando você está iniciando um negócio novo a gente traz o planejamento estratégico, previsão de planos de negócios, e gestão financeira, eu acho que são os dois principais aspectos.
Gestão de pessoas é uma coisa que você vai evoluir ao longo do tempo, você normalmente não vai começar com uma equipe grande, ou talvez até sozinho na sua atuação.
Então, a parte de processos internos também é importante, mas eu acho que, para um começo, você deve trabalhar com uma estratégia bem definida e uma gestão financeira organizada e que você tenha indicadores definidos para acompanhar os resultados é o principal, são os principais aspectos que têm que ser observados.
Gabriel: Legal, Ricardo. Finalizando, para aquele escritório que está há mais tempo no mercado. Aquele escritório que já está consolidado, mas poderia estar crescendo mais. Que sabe que tem um problema, mas a sobrecarga de trabalho não permite que esse problema seja resolvido.
Qual é a dica que você daria para esses escritórios, alguma adicional a essas? Como otimizar o tempo?
Como otimizar seu tempo
Ricardo: Eu acho que a questão que é um grande desafio hoje nos grandes escritórios, é que os sócios são também donos de empresas. Então eles têm uma série de preocupações além da rotina operacional.
Eu acho que o principal hoje a se buscar, nós já falamos um pouco disso no começo, é realmente uma estrutura organizada, bons processos internos, trabalhar bem a distribuição de funções entre o time, delegar as responsabilidades, ter bons controles e boas ferramentas.
A ideia é que você, gestor ou sócio do escritório, gaste menos energia com muitas coisas que você gasta muita energia hoje.
Então para isso você tem que ter bons processos, boas ferramentas, obviamente uma boa gestão de pessoas para ter profissionais motivados e que assumam o papel que você precisa na estrutura.
Para que, com isso, você consiga realmente ter uma boa atuação no nível estratégico e gerencial. Para conseguir se dedicar a fazer o seu negócio, seu escritório, seu departamento jurídico crescer, se desenvolver e trazer cada vez mais valor para seu cliente.
Então acho que o principal é isso.
Você ter uma estrutura cada vez mais evoluída, bons processos, bons controles, uma gestão de pessoas adequada, um bom time, para que você consiga sair um pouco da operação e se dedicar às questões mais estratégicas do seu negócio.
E para isso, muitas vezes temos que buscar uma consultoria como a nossa, que vai fazer um pouco desse papel do próprio gestor.
Na rotina, como você mesmo disse, você não tem como se dedicar para isso, para implementar esse novo modelo. Talvez buscar uma ajuda externa vai ser o melhor caminho, principalmente para esse primeiro momento, para organizar as coisas, e depois você reassume a gestão já com um modelo novo implementado, e mais eficiente.
Gabriel: Legal, o Ricardo pontuou coisas importantes para um escritório que já está mais consolidado. Às vezes é bom você criar uma estrutura organizada, e tudo se resume de novo a processos, a gestão, para que os sócios consigam delegar bem, utilizar boas ferramentas e formar um bom time. E aí sair do operacional.
Muitas vezes não é possível fazer isso sozinho, então faz sentido contratar uma consultoria para que ajude esse escritório a estar realmente profissionalizando o negócio.
E a consultoria do Ricardo é um trabalho muito bacana, eles são parceiros da Freelaw, tem muitos escritórios aqui que são nossos clientes, que utilizam o trabalho deles, e elogiam muito.
Ricardo: Quem quiser conhecer tanto a Trilha Gestão Jurídica, quanto a Perroni Consultoria, pode acessar nosso site e nossas redes sociais. Vocês estão convidados também para o Encontro Legal.
Um evento muito bacana aqui em Belo Horizonte, um evento mensal e gratuito, que a gente está falando de vários temas do mercado jurídico bem legais, fugindo um pouco desses temas mais técnicos de direito.
É uma excelente oportunidade de networking.
Também temos pessoas de escritórios e departamentos jurídicos. A gente quer seguir nesse caminho, para que a gente tenha um mercado forte aqui em Minas, um mercado jurídico cada vez mais profissional, em que as pessoas consigam realmente trabalhar, colher resultados e também serem felizes atuando nesse mercado.
Tecnologia: um aliado do advogado
Gabriel: Muito obrigado. Mais algum recado final que você queria deixar para os advogados? Alguma dica final valiosa?
Ricardo: Não, acho que é isso. O que eu acho que uma coisa que talvez seja importante falar e que hoje tem sido um mito muito mencionado: a tecnologia não vai trazer prejuízo para o segmento.
Nós temos que ter a visão de que nós vamos ser beneficiados pela tecnologia.
Ninguém vai vender seus empregos para os robôs, nós temos que nos preparar para este novo mercado. Extrair bons resultados dos avanços tecnológicos, e com isso, ter um ganho.
É uma coisa que tem se falado muito, os riscos decorrentes desses avanços tecnológicos para os advogados, mas vejam isso como uma oportunidade.
Aproveitem essa oportunidade para evoluir, nós vamos conseguir extrair muito resultado positivo das operações jurídicas em decorrência da tecnologia.
Muito obrigado de novo, agradeço pela oportunidade. É sempre bom conversar com você, falar sobre o mercado jurídico, sobre gestão, é um prazer. Espero que a gente possa continuar nas caminhadas juntos para trazer bons resultados para o segmento.
Gabriel: Muito obrigado, Ricardo, a conversa foi bem profunda, objetiva e foi bem bacana. Tenho certeza que vai agregar bastante para todos os escritórios.
Então pode ser que faça sentido para vocês contratar uma consultoria, ou talvez faça sentido buscar tudo sozinho, fazer sozinho.
A gente tem muito conteúdo no nosso blog, o Ricardo também tem um blog no site tanto da Trilha quanto da Perroni, vocês podem acessar conteúdos gratuitos para tentar se qualificar sozinhos.